Queda para o alto

Thomas Krens, o temido, arrogante e todo poderoso diretor da Fundação Solomon R. Guggenheim, foi rebaixado. Deu no NYT. O fato ocorre quase três anos depois da queda de braço entre Krens e Peter Lewis (o maior contribuinte da fundação), que achava que o diretor estava mudando o foco pois gastava muito dinheiro criando museus- satélites pelo mundo.

A ascensão de Krens (que na foto que ilustra o post está abraçando o Edemar Cid Ferreira...), que estava no cargo há quase 20 anos, deu-se justamente com os satélites, sobretudo depois do "Gehry effect" em Bilbao. Agora, rebaixado, ele irá somente dirigir a construção do museu de Abu Dhabi, também desenho de Gehry.

Será o fim de uma era?

Quem não chora, não mama...

A respeito do aquecimento do mercado da construção civil, hoje de pela manhã, em seu habitual comentário na CBN, Gilberto Dimenstein disse: "até os arquitetos, que vivem chorando, pararam de chorar..."

E fama...

Paz ao espírito (2)

Para os leitores mais antigos do Alencastro, que souberam em primeira mão que Renzo Piano estava ampliado Ronchamp, agora podem conhecer os desenhos, apresentados pelo site The Architect's Newspaper.

Além do centro de visitação (imagem que ilustra o post) - a primeira vista, meio sem graça -, Piano desenhou ainda um núcleo residencial semi-enterrado para as freiras. O projeto já começou a causar polêmica; a Fundação Le Corbusier, por exemplo, levanta dúvidas em relação a proposta.

Emprego

E ai: acha que tem algum talento para escrever? Conhece bastante arquitetura contemporânea? Fala bem inglês? Gostaria de trabalhar em um revista?

Se sua resposta a todas as perguntas foi sim, nada de correr e ligar para a redação da aU ou da Projeto, heim? Pense grande! A Arquitectura Viva, uma das mais interessantes revistas da Europa (no sentido tradicional, veja bem...), está atrás de talentosos candidatos a colaboradores para seu staff - com alguma experiência, off course.

A dica é: mande um currículo e carta de apresentação para o e-mail AV@ArquitecturaViva.com, e espere a resposta com ansiedade; afinal, trabalhar com o Luis Fernández-Galiano em Madri deve ser mais interessante do que com a Simone Capozzi no Bom Retiro...

O contemporâneo

Para quem interessar, Guilherme Wisnik ministrará um curso em abril/maio na Casa do Saber dos Jardins, em São Paulo. Não sei se o curso será interessante, mas o fato positivo é que a Casa do Saber abre espaço para o tema, que até agora foi pouco abordado.

Com o tema 'Arquitetura contemporânea', o curso terá quatro aulas e abordará Álvaro Siza e Tadao Ando: o moderno regionalismo (1ªaula); Herzog & de Meuron: plástica e minimalismo (2ªaula); Rem Koolhaas: a grande escala e a crise do projeto; e, por fim, Cidade pós-industrial: Las Vegas, Lagos e Dubai (4ªaula). Para quem quiser participar, o custo é de 360,00 reais.

Mas, e o Paulinho? Não é contemporâneo?

O importante são os amigos...

Apesar de ambientado em São Paulo em 1989, Queridos Amigos - mini-série de Maria Adelaide Amaral que estreou ontem na Globo - tem como cenários casas cariocas.

Primeiro, fazendo uma pequena ponta, a surpresa foi a residência projetada por Angelo Bucci em Santa Tereza, que ganhou prêmio na 7ªBia. Na mini-série, é a casa do personagem Benny (vivido pelo ator Guilherme Weber).

Mas a estrela dos primeiros capítulos da mini-série é a fantástica casa de Edmundo Cavanelas, em Pedro do Rio, Petrópolis. Com jardins de Burle Marx e esculturas de Alfredo Ceschiatti (original) e de Rubens Gerchman (produção da mini-série) , a casa foi projetada por Oscar Niemeyer em 1954 (veja cenas com a casa no trailer). Na ficção, contudo, a casa fica na serra da Cantareira é a residência-refúgio do personagem Léo, vivido por Dan Stulbach. A trama começa pois Léo, com sintomas de esclerose múltipla, decide reunir os amigos para uma espécie de despedida.

Curioso que, para ambientar sonhos de uma geração pós-ditadura militar, usaram um ícone da geração anterior... Qual o seria o ambiente doméstico desta geração? O brutalismo? Ou o pau-a-pique?

Além-mar, o museu

Esta parecendo até praga do Alberto... Mas essa, não dá para deixar de noticiar, em primeira mão (pelo menos aqui no Brasil): o Paulinho foi convidado pelo governo português para fazer um projeto em Lisboa.

Trata-se do Museu dos Coches, a ser implantado em gleba das antigas Oficinas Gerais do Exército, na zona de Belém. No site da RTP, Mendes da Rocha afirmou que ficou "muito comovido pelo convite, afinal a formação do pensamento arquitetônico brasileiro é ligada à cultura portuguesa".

Segundo o Jornal Construir, "embora o convite não tenha sido confirmado nem desmentido por fonte oficial, o projecto tem uma área prevista de sete mil metros quadrados, e que o nome de Paulo Mendes da Rocha terá sido sugerido por Eduardo Souto Moura, após terem sido falados como possibilidade a dupla Herzog & Meuron e Zaha Hadid"

Na foto, o antigo museu. Ufa, até que enfim não é mais uma reforminha!

No prelo

Depois da l'architecture d'aujourd'hui ter dedicado o número de dezembro a Niemeyer - como outras tantas revistas internacionais - e da Rizzoli lançar nos Estados Unidos uma nova roupagem do livro do Paulinho da CosacNaify, está no prelo uma 2G (revista espanhola da Gustavo Gili) dedicada ao último imperador da escola paulista. Trata-se do número 45 - organizado pelo Wisnik - , a ser lançada no fim deste semestre.

No volume, pouca novidade: o tema é a obra recente do arquiteto, em recorte parecido com o volume dois da CosacNaify. Na capa, o Sabina, em Santo André.

Norte

"Hoje Marcos Acayaba também superou o mestre Mendes da Rocha. Exitem outros arquitetos jovens que seguem a linha de da Rocha. Mas repetem seus erros. Por outro lado, ocasionalmente, há alguns que o superam. Acayaba, por sua sensibilidade com os materiais, abriu caminhos. Os estudantes o vêem como um farol que indica para onde ir".

Esta é parte da opinião de Hugo Segawa, publicada ontem em matéria escrita por Anatxu Zabalbeascoa no Babelia, suplemento cultural do El País. Para Segawa, Lelé "superou Niemeyer porque Niemeyer tinha idéias mas não era cuidadoso com os detalhes" enquanto Lelé faz "uma arquitetura econômica, charmosa e humana. É uma figura extraordinária. Domina todas as escalas". Será?

Além-mar

Este é o 300° post. Como de costume nos números centenários, ai vai o terceiro enigma:

"Esta pequena aldeia é formada por uma única rua que a centraliza com ramificações de outras pequenas ruas que dela saem, mais parecendo vielas estreitas e tortas e sem alinhamento."

Gehry na telinha

Para quem ainda não viu, hoje vai passar o documentário Sketches Of Frank Gehry, dirigido pelo Pollack, na TV à cabo. É as 20h00, no Cinemax.

O melhor de 2007: o resultado

Como prometido, aí vai o resultado do já tradicional Balanço Alencastro Sobre A Cena Arquitetônica de 2007. Tivemos um total de 23 votos, mas nem todos votaram em todas as categorias. Se alguém tiver paciência, pode fazer uma auditoria na apuração, pois os votos estão abertos... Por ora, vamos aos números apurados, com algumas surpresas e lugares comuns:

1. Melhor obra construída de 2007: Prédio do Mackenzie

Em primeiro lugar, o Prédio do Mackenzie (Spadoni) com 12 votos. Para mim, uma surpresa. O segundo ficou com a Agência de propaganda (Tryptique), com 5 votos. Só para não deixar passar em branco, a escola do Brasil Arquitetura teve 1 voto e a capela do Paulinho, 3 votos!

2. Maior decepção arquitetônica de 2007: Terminal de ônibus

Deu a lógica (ou o ódio coletivo...): com 13 votos, o vencedor (ou perdedor...) foi o Terminal de ônibus, São Paulo (Ruy Ohtake), seguido pelo Sabina, Santo André (P.M.Rocha), com 5 votos, ou seja, muito atrás. Só três votos para o estádio do Rio, heim!

3. Casa do ano: Marcio Kogan

A casa desenhada por Marcio Kogan em Bragança Paulista ganhou o prêmio com 8 votos. Em seguida, ficou a casa de Andrade Morettin em Ubatuba, com 5 votos. A casa dos Nitsches no Guarujá, ficou na lanterna, com 3 votos!

4. Melhor projeto de concurso de 2007: Centro Matucana

O Centro Matucana, Santiago, Chile (Carlos Dias, Fehr e Figueroa) foi o vencedor da categoria, com 8 votos. Logo atrás, com 6 votos, o Teatro Municipal de Londrina (Nieves etc.) . Só três eleitores acharam graça na Sede da Capes e na Shalon!

5. Exposição do ano: Niemeyer no Paço Imperial/7ª Bienal.

Ganhou o ítem 'outros', mas ninguém especificou qual. Assim, empatadas em segundo lugar (ou em primeiro!), com 4 votos cada, ficaram a exposição de Niemeyer no Paço Imperial, Rio, e a 7ª Bienal. Êta categoria sem graça!

6. Livro do ano: Marcos Acayaba

O vencedor do tópico foi o livro Marcos Acayaba (Cosac Naify), com 6 votos. Empatados em segundo lugar, com 4 votos cada, ficaram Lucio Costa - Sôbre arquitetura, Alberto Xavier - org. (Uniritter) e Carradas de Razão, Otávio Leonídio (Loyola).

7. Melhor abordagem sobre arquitetura na mídia geral: piauí

Com 12 votos, ganhou a piauí (edição de fevereiro e outras). Muito atrás, com 3 votos cada, ficaram empatadas a Trip (edição de setembro) e o Especial Globonews : 100 anos de arquitetura, novembro/dezembro. A coluna do Wisnik na Folha ficou em último lugar, com 2 votos (parece que os Frias tinham razão...).

8. Melhor edição de revista especializada de 2007: aU 165

Mesmo concorrendo com só um canditato, a aU ganhou da Projeto (que concorria com 3!). A aU 165 (Niemeyer 100 anos) foi escolhida por 9 comentaristas enquanto o segundo lugar ficou para a Projeto 334 (Niemeyer 100 anos), com 5 votos.

9. Melhor caderno em jornal sobre o centenário do homem: OESP

O Estado de São Paulo, 15/12/2007 - Especial Niemeyer (que teve uma abordagem mais jornalística) ganhou por um voto da Folha de S. Paulo, 9/12/2007 – Mais! (que optou por uma abordagem analítica). O placar ficou 9 contra 8! Foi o ítem mais equilibrado.

11. Site do ano: Vitruvius

Com expressivos 13 votos, o Vitruvius ganhou fácil do Arcoweb, que ficou em segundo, com 7 votos.

12. Artigo do ano sobre Niemeyer: “Projetos antagônicos”

Com 14 votos, o vencedor foi “Projetos antagônicos”, de Fernando Serapião, revista piauí n°5. Foi a segunda maior votação de todas. Muito atrás ficou o segundo lugar “Milagre do concreto”, Otávio Leonídio, no Mais! dedicado a Niemeyer (9/12), com 3 votos. Por curiosidade: Segre teve 2 votos e Comas 1! A velha geração comeu poeira...

13. Frase do ano: “Fuck Frank Gehry”

Também de lavada, foi escolhida “Fuck Frank Gehry”, camisetas novaiorquinas, com 9 votos. Olha só: meus leitores achando graça do mundo além de nossa fronteiras, quem diria? Em seguida, com 5 votos, ficou “Só penso em mulher. Mantenho relações sexuais todos os dias”, Oscar Niemeyer .

14. Melhor piada do ano: barraco em Buenos Aires

Com 9 votos, parece que todos gostaram do barraco em Buenos Aires. De vez em quando, o cordeiro deixa aparecer a pele do lobo... A segunda piada, escolha de 5 votantes, foi o Niemeyer dizer que faz sexo todo dia. Puxa vida: poucos acharam graça da camisa do Wisnik e ninguém riu de alguém pagar 58 mil reais por três desenhos do Nini?

15. Polêmica do ano: 7ª Bienal

O vencedor foi a 7ª Bienal, com 10 votos. Algo contraditório já que a 7ªBIA ganhou na categoria como "melhor exposição do ano". Em segundo lugar, com 7 votos, a escolhida foi Una e Os Correios, polêmica que ainda não acabou...

16. A vergonha do ano: livro de Ricardo Ohtake sobre Niemeyer

Para os leitores do Blog do Alencastro, a maior vergonha de 2007 foi o livro de Ricardo Ohtake sobre Niemeyer (Publifolha), que recebeu seis votos. Empatados em segundo lugar - não muito honroso... - estão o novo MAC no Detran e a Casabella ter dedicado uma edição a Niemeyer e Kogan . Teve gente que não entendeu a ironia...

17. O fato arquitetônico do ano: Centenário de Niemeyer

Como era de se esperar, o Centenário de Niemeyer ganhou fácil, com 10 votos, o fato arquitetônico do ano, seguido da lei Cidade Limpa, com 7 votos.

18. Personagem do ano: Niemeyer

Essa também deu a lógica: Niemeyer ganhou com 15 votos (a maior votação de todas). Lá atrás, com 3 votos, ficou o Allan de Botton. Nem precisava desta categoria...

19. Segundo melhor blog do ano, depois do Alencastro, off course:Architecture

Apesar de meio dorminhoco (não é seu Alberto?), o eleito foi o veterano Architecture, com 7 votos, seguido (de longe) pelo Escritório de Arquitetura Thobias, escolha de 4 eleitores, também escrito por um ser que hiberna...

20. Melhor post do Blog do Alencastro do ano: Como ser um grande arquiteto (2)

Por fim, o post do ano foi o Como ser um grande arquiteto (2), escolhido por 9 votos - creio que os eleitores confundiram com o Como ser um grande arquiteto (1), mas tudo bem... Muito atrás, empatados em segundo, ficaram o Samba-do-criolo-doido e o Cacuetes arquitetônicos (1), cada um com 3 votos. É isso.

Aviso importante aos vencedores: procurem o Alencastro para receber seu troféu!

Sua excelência, o candidato...

A polêmica no IAB-SP continua. Guedes deu um entrevista para o arqbacana onde não esclarece nada (aliás, as coisas começam nada bem: o arqbacana diz que a entrevista é exclusiva e ela está também no site do IAB sem crédito nenhum, sendo que as perguntas são creditadas ao IAB...). O que ele não falou, e agora os leitores do Blog do Alencastro sabem em primeira mão, é que ele é pré-candidato a vereador. Isso mesmo, perplexo leitor: Joaquim Guedes é pré-candidato a vereador de São Paulo pelo PPS!

E o Marcelo Hobeika - que estava na chapa original de Guedes e assim como outros, estranhamente sumiu... - também é candidato. Só que a deputado estadual. Se vocês conseguirem, por favor: sem comentários!