Ação e reação
A Folha de domingo, com direito a chamada de capa, publicou uma reportagem (escrita por Mario Cesar Carvalho e só disponível para assinantes do jornal ou do UOL) sobre o processo que o escritório Una Arquitetos move contra Os Correios. A pendenga judicial é em consequência a mudanças que o contratante fez no desenho que os projetistas realizaram para transformação da antiga sede da empresa em solo paulistano. Alvo de concorrido concurso - cuja vitória destacou o nome do escritório - a obra se arrasta por quase uma década.
Segundo a matéria, o Una entrou com uma ação judicial contra a estatal por:
Segundo a matéria, o Una entrou com uma ação judicial contra a estatal por:
"1) O projeto estrutural de uma clarabóia foi modificado, sem a aprovação dos engenheiros calculistas que a conceberam. Na proposta original, quatro paredes sustentavam a clarabóia. Com a mudança, a estrutura de metal está apoiada só em duas paredes;
2) O piso e a forma de colocação foram alterados; foi incluído um rodapé de cor diferente do piso, algo que não existia no projeto premiado;
3) O projeto da laje do "foyer" foi mudado; com isso, o pé-direito do espaço ficou cerca de 30 centímetros mais baixo do que a concepção original;
4) As alterações contemporâneas deveriam ser em concreto aparente sem pintura, para deixar claro que houve intervenção no prédio. Esse critério não foi respeitado na obra;
5) Uma rua interna, resquício da época em que os bondes entravam no prédio para depositar e retirar correspondência, foi coberta, diferentemente do projeto original;
6) A escada rolante ficou mais curta do que estava na concepção original;
7) Os guardas-corpos foram feitos em material e desenho diferentes do previsto;
8) Os banheiros foram completamente alterados;
9) Foi introduzido um pilar no "foyer" do teatro;
10) A área das janelas na parte interna foi reduzida."
Ainda, segundo o texto, eles pedem para, se comprovada as mudanças, que o nome deles não seja associado ao projeto. O contratante rebate dizendo que "o projeto original apresentou falhas, omissões e discrepâncias, somente identificadas durante a execução da obra".
Resta esperar o desfecho para ver no que vai dar.
Marcadores: Mario Cesar Carvalho, Os Correios, Una Arquitetos
34 Comments:
Já passei por isso, de ter o projeto alterado por orgão público a ponto de desconfigurar e envergonhar o escritório. Notificamos o crea e tiramos a responsabilidade técnica. Infalivemente o processo se deve ao funcionário público encarregado de fiscalizar a execução, que recebe a tarfe de cortar custos e não tem a noção necessária para solicitar aos próprios autores que o façam com coerência. Sempre é possível argumentar que existem falahas e omissões no proejto, o que é mis uma razão para pedir aos arquitetos, uma vez que foi pago. O problema é o mesmo: tentar fazer arquitetura boa em país ruim. Isso é resultado de uma classe politica ignorante acostumada a dar carta branca ao niemeyer ou pedir um puxadinho para os arquitetos locais. Não tem o meio termo, que é o que faz da arquitetura do primeiro mundo boa: obras com acompanhamento coerente de qualidade e custos.
(anônimo 1º)
em geral, esse tipo de questão, a despeito de poder constituir legítima defesa do que compõe o produto do trabalho de um profissional, muitas vezes, não passa de resultado de já anacrônico 'orgulho de classe' (ou grupo) da 'catigoria'. quer dizer, se referem a questiúnculas e idiossincrasias que, 'maldosamente' (ao fim e ao cabo - usando o chavão, que 'Freud explica'), o "esteta" tenta nos impor a todos.
acho ótimo que, cada vez mais, tais pelejas ocorram (especialmente em âmbito público); será, entre outras, uma necessária via para encontrar o 'ponto certo' a partir do qual a arquitetura possa se configurar numa 'disciplina' útil (em sentido amplo, por favor), para além das características de sua origem (que a 'disciplina' precisa superar) e que, por demais, ainda a determina; digamos, imprecisamente, aristocrática e depois burguesa (meio de promover distinções ilegítimas).
a proliferação das faculdades, a esfera espetacularizante que nos acomete e o novoriquismo, tudo que a 'contaminam', por outro lado (ou o mesmo), ainda que com alto custo (poderia ser tudo mais 'sistematizado', institucionalizado e 'coerente'), talvez promova o mesmo.
quero dizer, tomara que tudo isto possa contribuir para mostrar do que trata o arquiteto em 'bom sentido', como também desmascarar o seu descabido 'orgulho'.
mas, um grande óbice é que aos coleguinhas um tal debate não interessa (eles se julgam mesmo sabedores do gosto) e, via de regra, eles, por vias as mais tortas, influenciam os não colegas, que detém os meios para promovê-lo, a não fazê-lo.
o povão ainda dará conta desse 'recado'. aguardem.
É Alberto, não imagino frustração maior. Sorte de quem perdeu o concurso...
Oi Anônimo, o 1°. Também acho bom que isso tenha acontecido - não me refiro, é claro, a ação, mas sim a reação. Pelo que aparece na reportagem, o projeto executivo foi tratado como croqui: o detalhamento ficou por conta de sei lá quem. No fundo, o que fica evidente, é o desrespeito aos autores - sem julgar se eles eram bons ou não. E a pergunta que não quer calar: se o projeto fosse de um figurão, isso iria acontecer?
(anônimo 1°)
alen-castro,
a ação, como referiu, o tipo de ação, sempre existirá, com ou seu razão.
o bom é que estas ações não sejam 'escamoteadas' (e não me refiro a um possível produto da simples reação ou de ela ter tido espaço - falo mais das razões que a reação oculta e especialmente as, neste sentido, razões mais estruturais - tais des/razões é que des/estruturam as coisas).
também, a reação descabida sempre existiu (e noto coisa do tipo pelo tom e nas entrelinhas da esboçada pelo UNA, que não chega a ser "figurinha"), mas diria que tende a escassear.
me refiro a aquela indignada por 'motivações estéticas' de/marcadas por valores que se arvoram a absolutos.
(tende a escassear por perda de autoridade de nosotros arquitectos - neste sentido, a vaca já foi pro brejo...)
ainda que, na verdade, nosotros arquitectos (los malos) preferiríamos que todos fizessem tudo à nossa moda (moda é uma boa palavra aqui).
sem termos autoridade, por assim dizer, para tanto, mas sempre a reivindicando (isto faz parte de nossa equivocada formação, dentro e fora das faus).
dizendo de outra forma: a arquitetura não pertence aos arquitetos.
no máximo, somos os serviçais dela.
(mas até esta palavra, tenho certeza, soa mau aos sensíveis ouvidos de 'nossa gente').
procurei colocar as questões básicas, sem as quais a questão maior relacionada ao assunto não se resolve.
me parece.
Caro Anônimo, o 1°. O problema está, me parece, na relação entre a sociedade e os arquitetos: eles não sabem muito bem para que servimos; e nós não sabemos servir para aquilo que eles acham que servimos. Ou não.
Isso é loucura. Se a definição da arquitetura não pertence aos arquitetos, principalmente a estética, a coerência formal, funcional, material, vai vir de onde. Da santa sapiencia do povão? Meu Deus. Se há alguém aqui que não entende o papel e a responsabilidade do arquiteto no mundo, pelo menos no mundo civilizado´, é vc, anonimo.
Pô anônimo 1º! Ainda não trocou a "bolonhesa" pelo "alho e óleo"?
A crítica de arquitetura também não pertence ao crítico!?
De quem é a reação descabida? Nota nas entrelinhas... Pensando bem, típico de quem só com elas se refastela, sem "arquitetar" uma linha sequer.
PS: Abraços, Alencas. E à senhora acima também, porque não!?
Oi Ney, anda sumido! O que tem feito de ruim? Você não esquece o no anônimo 1°, heim? "Vocês não vão brigar de novo", diria seu Antônio, o bedel do primário...
Bem, o que dizia seu Antônio não vale para todos?
Se não, qual seria a graça?
Poderiam apenas processar os Correios em silêncio, mas aproveitaram a ocasião para atualizar uma velha discussão, e principalmente, utilizar essa importante mídia, que lhes tem sido bastante útil, para promover novamente o escritório, reiterando sua competência e lisura... Só nos resta guardar a listinha, para distingüir, no futuro edifício, a grande arquitetura, dos equívocos de tecnocratas sem alma!
Vale sim, Nei. A mensagem de 'seu Antônio' sempre foi universal...
Mosca, num ponto de suas observações, acho que você cometeu um suicídio acertando em você mesmo. Me refiro a sua bela dica: "guardar a listinha". Ela será muito útil, por exemplo, para quem escreve nas revistas da área. Quando o prédio for publicado, 'a lista dos 10' poderia ser incluída na edição. Já estou antevendo o título: "Revitalização, com 10 pecados capitais, transforma edifício histórico"
(anônimo 1°)
sobre a relação arq/sociedade, nada temos feito para esclarecer as coisas que não seja permeado por uma visão do tipo: os "arq contra a sociedade" (ou seja, ueba! oportunidades de 'discutir-divulgar' a profissão, oportunidade para vender o peixe, e mais nada). ou seja, se trata de oportunismo de mero comerciante. seja quando se debate, seja quando se projeta e constrói.
***
exatamente, caro alberto, a definição de nada nesse mundo pertence ao grupelho (grupelho, porque sua legitimidade não se dá por um canudo ou por um conselho de classe; como, no geral, tem ocorrido) mais proximamente relacionado a coisa.
muitas vezes, o que o grupelho faz é "tirar partido".
vê se me entende: existe outra dimensão (inexorável), na qual, antes de arquitetos (ou o que quer que seja), somos gente (gente como as gentes).
e o interesse destas gentes - para as quais essa tal de arquitetura existe - deve ser levado em conta (para justificar o legal direito exclusivo garantido pelo diploma – que, no entanto, não garante nada) exatamente nos termos em que essas gentes entende arquitetura (arquitetos inclusive, mas não exclusivamente).
nesse sentido, menos que conhecedores, somos serviçais. deu pra entender?
(tuas expressões sobre povo e sapiência, a meu ver, denotam aquela perspectiva burguesa que está por trás de todo o problema - inclusive, que põe a sapiência em xeque; qualquer que ela seja, onde esteja - especialmente porque pensamentos desse tipo esperam 'capturar' a sapiência por meios que não sejam 'ela própria', mas a vê como atributo de classe; ou o maninho acha que só tem aptidão para falar de arquitetura quem freqüentou uma reles faculdadezinha?)
***
caro nei. não se trata de briguinha; de colégio ou não. a crítica de arq também não pertence... aliás, a crítica também compõe o campo arquitetônico (e, como arquiteto - parece que vc cursou né! - te recomendo tentar ultrapassar o senso comum, dele o comum já está farto; e parece que, como especialista, nos cabe ir além desse senso, mas não sem saber ouvi-lo, entendê-lo... – absolutamente o que não temos feito).
sobre arquitetar linhas...de que tipo?
"Alho e óleo"!
E não me refiro às linhas desenhadas, Anônimo 1º, mas às escritas.
Vá lá... indo direto ao fato:
não dá para escrever de maneira menos prolixa, mais simples e direta? Mesmo porque, a sua opinião também interessa...desde que "as gentes" entendam.
Nei, estou confuso: seu nome é com I ou com Y?
anônimo 1°: você teve aulas de discurso com o Paulinho?
(anônimo 1°)
alen-castro,
vc se esqueceu do Guedes. mas como sou tb multidisciplinar, me existem outros mestres...
nei,
direto? ou omisso?
em sua justa medida...
mas e a minha injusta medida?
fico com ela...
desculpa tá!
não poderiamos ver as coisas de maneira mais diferente. Ainda acreditando que a sua vontade é de debater, e não de impor sua agenda (o que é comum para os que acreditam estar defendendo causas como a dessas, huh, "gentes"), vamos aos itens. 1.Não há, pelo menos no Brasil, profissão mais sub-divulgada que a dos arquitetos -simplesmente não se sabe o que eles fazem(incluindo boa parcela dos próprios); e ainda que fosse, o interesse pela sua divulgação na mídia é nada menso que legítmo. 2. Se antes de sermos arquitetos somos gente, o que nos qualifica a partir desse ponto em comum é justamente ,saber fazer arquitetura. Ser arquiteto não é gostar, saber ver, ter uma opinião sobre...é saber fazer arquitetura com as responsabilidades inerentes. O que nos leva ao 3. Sim, acredito estar qualificado, AMPLAMENTE qualificado acima das suas "gentes" para fazer arquitetura. Não só pela formação acadêmica, que é simplesmente o começo de tudo. Mas é pelo desenvolvimento profissional conquistado no exercicio de projeto e obra. É essa minha visão burguesa das coisas, a mesma que me faz acreditar em meritocracia, e não nessa mística esquerdista de que quanto mais ignorante mais próximo da iluminação.
Alberto, vamos aos ítens:
1. Se arquitetura é sub-divulgada, os maiores culpados somos nós;
2. Somos gente antes de ser arquitetos: depois de ter o canudo, ganhamos um poder divino;
3. Além de pessimamente qualificados, somos levados a crer em nosso poder divino - item 2-, só por que cursamos tal especialidade. Enfim, somos iluminados. No caso específico, é isso que nos leva a crer que um guarda-corpo assim é melhor que o outro assado (não pode ser em X, heim!). Que o piso não pode ser na diagonal, e que este ou aquele material é impróprio. Apesar de - cá para nós - disfarçar e tentar dar ares "técnicos" ou de construção "de uma nova sociedade", a questão, no fundo, no fundo, tende a acabar no frágil campo da minha estética contra o mau gosto, contra a grossura. Arquitetura é um ato civilizatório.
Guedes, Anônimo - o 1°? Como fui me esquecer dele? Aliás, tá esquecido ele, né? Acho que ele ficou amoadinho com o prêmio do rival... Precisamos, urgente, fazer algo para levantar a alto-estima do Guedão... Já sei, já sei: famos falar mal do velho centenáro!!!
Alencastro, sem dúvida, a culpa é nossa enquanto agentes e principalmente enquanto resultado geral do produto - não se sustenta na mídia algo que não tenho um mínimo de interesse e qualidade, então so far, so good. 2. Aí divergimos; como eu disse, não é o canudo, mas o fato de saber projetar e construir com inteligência e coerência que faz de nós arquitetos; me mostre alguém que saiba realizar - em tempo e orçamento viável - um projeto executivo completo, ou seja, não só acabado mas compatibilizado com os outros complementares, que seja bonito, funcional e ainda por cima remunere o trabalho empenhado e eu te mostro alguém que não só estudou mas também trabalhou muito com arquitetura. Fora disso é lenda esquerdizante. 3. A estética. Pode realmente algo ser mais civilizatório? Vou refazer a pergunta: se chover dentro do palácio de versailles, se faz muito calor dentro da farnsworth no verão, se há problemas estruturais na fallingwater isso faz delas menos importantes? O que importa mesmo na arquitetura então é ser técnico, é ter tecnica, e a estética é sempre uma questão secundária, if so? Porque foi o que entendi do seu argumento. Meu ponto é, além de não ver tanta distinção entre a solução tecnica da estética, acho que nunca precisamos disfarçar nada: os grandes arquitetos são SEMPRE contratados por seus talentos estéticos e não tecnicos. Até o Foster, que faz do high-tech o seu percurso até uma linguagem muito elegante.
Sim, sim Alberto. Mas não esqueça que a frase lapidar "a arquitetura é um ato civilizatório" fui eu quem perpetrei! É minha! Daqui a pouco vão dizer que é do paulinho...
Por ora, vou concordar contigo para não alongar a discussão. Isso em nome de que um dia ainda iremos acabar velhos amigos...
(anônimo 1°)
obrigado alen-castro.
se me permite, em empréstimo, faço minhas as suas palavras (na resposta item a item).
por outro lado, elas me permitem dizer que, não preciso ser direto e não-prolixo.
fui absolutamente e bem entendido.
nosso blogueiro deu mostras disso.
obrigado.
***
isso, põe o guedão na roda. ele merece umas porradas.
***
(ah, ia me esquecendo, sobre a 'mística de esquerda', ela existe mais na, talvez visão de direita - que colocou estes dois 'lados' em cena -, e que, por contraste, revelou-se por fim; operando aquela mística de que a meritocracia só se dá no mercado concorrencial)
(anônimo 1°)
puxa, me esqueci de mais uma.
sobre a frase lapidar...
sinto informá-lo, mas se Paulinho não a pronunciou, já é dele essa.
viu alen-castro.
é típica dele.
você jamais conseguirá comprovar tal autoria.
sinto muito meu véio, essa já elvis.
existem coisas que, por mais que fazemos, já pertencem a outros.
lembrando o caro alberto, é questão de berço.
kkkkkkk
Que dele o que! A frase é minha, é minha! Estou pensando em gravar na minha lápide:
Aqui jaz Alencastro,
o blogueiro que ficou
famoso por ter escrito
a frase "arquitetura é
um ato civilizatório",
depois muito repetida
por arquitetos premiados.
Meu caro, que seu blog - também civilizatório, além de civilizado!;) - seja o ponto de partida para que nos tornemos realmente amigos. Quanto ao Paulinho, já trabalhei e convivi perto o suficiente pra saber que o vocabulário chulo que ele usa sem seus ghost-writers de plantão não o permitiria. De resto, ele até acha que é civilizatório, mas a civilização que ele pretende é mais selvagem do que a que temos, eis o paradoxo. Anonimo: não é a concorrência um conceito inerente da meritocracia? No fundo, repare bem: quem acredita em "berço" é quem acredita que só por nascer a pessoa já tem direitos. eu acho que tudo na vida se conquista. De qualquer forma meus caros, vou pra Buenso Aires, volto na quarta-feira, quando espero encontrá-los de volta. Um abraço.
Tá registrado, a frase é sua:
"a civilização que ele pretende é mais selvagem do que a que temos".
No mais, boa viagem.
PS: não deixa de ver a loja nova do Mathias Klotz, em Palermo Viejo. Não tem nada de mais (um pouco melhor do que estas da Oscar Freire), mas é bom conhecer de perto a obra dos famosos para depois a gente falar mal...Chama-se María Cher e fica na El Salvador, 4724.
ai alen-castro,
como vc é cosmopolita e antenado!
no fundo, te invejo nisso.
kkkkkk
mas isso é que dá pano pra nossas mangas né?
boa viagem, caro alberto.
o que nos salva, a meu ver, é falarmos mal; mesmo que uns dos outros.
nada é mais terrivelmente paulistano do que certa concordância covarde e cínica. isto, compondo um... 'coleguismo' de araque.
(na real primeira oportunidade, o tapetinho escapa-nos - oooops! - sob os pés, né não?)
ih, olha aí, eu falando mal, de novo...
(anônimo 1°)
voltando...
não, a concorrência não é um pressuposto para a meritocracia, nem o mercado. (no mundo em que vivemos, com o significado que tais expressões têm, então, menos ainda)
na melhor das hipóteses, a concorrência pode estimular certa busca por superação... esta, pode levar ao mérito, mas só pode, não leva necessariamente. temos fartíssimos exemplos (vide o causo da linha 4 do metrô).
um mérito não 'desbanca' um outro (sim, eles existem, no plural).
o mérito não se dá, como tal, por concorrência; e sim por contraste, o que são coisas distintas, não?
por fim, o buraco, na verdade, é mais embaixo. daí eu ter mencionado a questão do berço; que foi uma forma de fazer referência à distinção (que também mencionei), em sua "origem" (em versão mais "entranhada" - o de nascer-se com mérito, KKKK ).
o 'discurso do mérito' (principalmente ou historicamente aristocrático e burguês), não passa de argumento para justificar (pretensamente legitimando) uma "preferível" proeminência que não é 'estável', nem é dada pela técnica que se domine, sem se considerar o tempo e espaço nos quais se insere, e mesmo se considerando, noutros termos. mas está sempre se (re)formulando.
ainda que alguns (sempre também reformulam - sobre isso é reveladora a expressão "divulgar") apontem os seus privilégios como sendo "razões universais" e até atemporais (a 'boa técnica', 'boa estética' e por aí vai).
expressões tais como: "divulgar", "qualificado" (ainda mais, "amplamente qualificado"), "desenvolvimento" (e/ou "progresso"), "desenvolvimento profissional", "conquistado" (ou conquista), "bonito", "talento estético" e "elegante", compõem o vocabulário empregado neste reles jogo e que eu, em minha "elegância", chamaria de canalha.
deu pra entender?
Não
Diante de tantos comentários gostaria apenas de salientar duas posturas do Anônimo 1º (esforçando-me para não ampliar a mensagem universal de Seu Antônio):
1. A sua injusta medida é a justa medida dos outros. Ficar com ela é agir exatamente como aqueles que você critica.
2. Se entendi bem, o Guedes lhe é caro, pelo menos na referência ao discurso. Ora, qualquer um que já tenha tinho alguns minutos de contato com ele sabe da sua postura chave: "rigor"! Não quero entrar aquí no mérito Guediano - do binômio rigor-qualidade. Mas, se o rigor das idéias leva, num primeiro momento, à complexidades de colocação - tornando-as, talvez, de difíl compreensão; num segundo momento, este mesmo rigor exige que as idéias sejam clarificadas na escrita - que dêem para entender.
0brigado Alencastro pela resposta clara e objetiva "Não". Esperava a algum tempo que alguém se pronunciasse a respeito diante da insistência.
PS:É Nei com i. Errei a grafia num dos comentários atrás.
Abraços Alencas.
(anônimo 1°)
só volto a filosofar sobre o tema em alemão...
só mais uma.
pra resumir a história num só aspecto, talvez, mais inteligível.
sobre a quem pertence a arquitetura...
Jane Jacobs não era coleguinha.
de diploma.
no mais, foi muito valorosa "colega".
entEnde?
(como diria o Arantes do Nascimento)
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