23 maio 2007

De pernas para o ar

Alguém já viu a edição 753 da Casabella? Eu sei que o número foi publicado em março, mas fui deixando, deixando, e não falei nada!

A edição é sobre os 100 anos de Niemeyer... quem é que vai conseguir aguentar isso até o fim do ano? O meu consolo, é que depois deste ano, todos esqueçam de vez o velho!

Mas voltando a edição, há belíssimas fotos de Marcel Gautherot, um pout-pourri das obras de Niemeyer (deixando de lado a fase atual, pois a revista tinha que ficar bonita...) e um grande espaço para a nova safra de projetistas do Brasil. Com quem? Uma sardinha estragada para quem apostou no pessoal da General Jardim! Só escolheram um arquiteto: Marcio Kogan! E com apresentação do Espallargas! A relação são os 50 anos de Brasília com um arquiteto de 50 anos... entenderam? Eu não...

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26 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tá vendo? Deixa essa obsessão pelo Niemeyer pra o mainstream, que não preza pela critividade nem pela pesquisa. A escolha do Kogan é acertada. Arquitetura boa não é só monumento - me envergonha ter de procalmar o óbvio - e acho que o brasileiro sobretudo precisa aprender isso. Claro, nem tod mundo pode construir as próprias casa com vigas protendidas, mas que educa o gosto, educa.

10:46 AM  
Blogger Alencastro said...

Acho a escolha única muita areia para um caminhão branco de uma marcha só. Bom gosto não é um atributo de decorador?

Esse contraponto - Niemeyer versus Kogan - deixa no ar um realismo desconcertante. No passado, para o bem ou para o mal, a arquitetura moderna era o retrato de um país do futuro, moderno e urbano, que não deu certo; mas ela ficará clamando este ideal nas formas curvas até o final dos tempos.

Atualmente, nas páginas da revista italiana, nossa arquitetura atual se revela de caros materiais e de casas hedonistas, construídas para ricos 'esclarecidos' e de 'gosto refinado', que querem se diferenciar de seus amigos cafonas, do mundo Daslu e Lindemberg. Assim, as casas estão escondidas da miséria estilística e material que as cercam por muros de quatro metros altura... Será uma crítica social aguda da Casabella ou será apenas uma opção editorial equivocada?

Mas não entendi, afinal, quem é que precisa ter o gosto educado? Os outros ricos? Os outros arquitetos? Ou os pobres? Cá prá nós, essa coisa de gosto educado parece até um papo daqueles cursos de bons modos e costumes direcionados à ex-bárbaros...

12:48 PM  
Anonymous Anônimo said...

1st of all, não se afobe. Sue gosto é educado. FOI educado, a duras penas, como todo mundo. Claro, não é o "gosto" strictu sensu, do tipo "eu tenho o meu, cê tem o seu". Essa frase aliás revela apenas a miséria mental que leva ao que você disse, ao babaca da casa ao lado e seu estilo Provence de lavabo. De fato, não se educa SÓ o gosto, mas ao nos educarmos, o gosto, o senso estético, que seja, se educa junto. 2nd of all, Niemeyer não é sinônimo de arquitetura moderna brasileira, muito menos de um suposto projeto de Brasil. É um Frank Ghery nacional, representante apenas de si mesmo. Suas obras são mosntrinhos de circo, grandes excessões que, MAIS QUE QUALQUER OUTRA OUTRO ARQUITETO, renegam a realidade ao entorno. Gosto da escolha do Kogan por uma razão já levantada pelo Biselli, numa AU: a única coisa que brasileiro faz melhor que os outros hoje em dia é casa. Equivalentes, como o Klotz, equivalem também na estética. Ou seja, que se valorize hoje o que fazemos bem, é um bom jeito de ajustar o foco de onde estamos.

2:55 PM  
Blogger Alencastro said...

Faz tempo, caro Alberto, que uma das coisa que mais luto é para deseducar o meu gosto. É difícil, mas sigo tentando.

Quando falei da arquitetura moderna, não pensava só em Niemeyer. Mas, não dá para esquecer o enorme peso que ele teve e as oportunidades únicas também.

Mas as casinhas, francamente. Melhor do que os outros? Sei não. Casa, qualquer um, do centro ou da periferia, com um pouquinho de talento, faz direito. Não dá para dizer que as casinhas brancas são as melhores do mundo, dá? Elas partem da 'caixa' moderna mas não tem o mínimo apuro tectônico: são caixinhas de música, cenários para inglês ver em fotografia de impacto. Texturinhas ali, pedrinhas aqui etc. Só isso.

5:27 PM  
Anonymous Anônimo said...

Não concordo. Enquanto os europeus embarcaram num formalismo sem sentido fazendo casas realmente horriveis e aparentemente impossíveis de se morar, o Kogan conseguiu pegar a tipologia de sala|varanda que eu só tinha visto antes em proejtos do Rino Levi, e desenvolver um uma solução que vai influenciar, ou melhor, já influencia muita gente. O japão é outro lugar que leva a pesquisa de arquitetura doméstica a sério. Agora, claro, tratam-se de casas, e elas entram para a história de uma forma particular; mas desmerecer a qualidade da arquitetura delas em detrimento da escala ou da importância do programa soa para mim uma abordagem de coluna social. Casinha todo mundo faz direito? Eu te digo que qualquer projeto qualquer um faz direito. É só copiar soluções de quem realmente inova algo em tecnologia, programa ou tipologia formal.

6:04 PM  
Blogger Alencastro said...

O Rino Levi e o Marcio Kogan são completamente diferentes: enquanto o primeiro usava a tectônica à favor da economia de custos, o segundo, em busca de grande efeitos fotográficos, gasta muito dinheiro (dos outros), brincando de esconde-esconde com "massa" e revestimentos.

7:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Usava mesmo. E usava bem. Mas a fila andou, e muita gente não percebeu. Há quem queira ficar no concreto aparente a vida inteira. Só não vale insinuar que isso tem algum valor a mais do que revestimento. Um dia alguém vai finalmente admitir, queiram os "estilosos" ou não, que brutalismo é sim, hoje, um acabamento pastiche de uma época que já foi. Neoclássico anti-burguês. Em suma, um estilo. Ninguém gastou mais dinheiro alheiro que o niemeyer, e foi compulsório. O cliente do Kogan paga porque escolheu pagar. E escolheu bem. Poderia ter escolhido um diluidor de brutalismo qualquer. Grande efeito fotográfico busca quem não se importa em fazer uma casa congelante, mofada e podre como as do niemeyer e do PMR. E se economia de custos for o critério primordial das grandes obras de arquitetura, podemos implodir a Europa toda, e ficar com os Cingapura. Cê é melhor que isso, vai.

7:51 PM  
Blogger Alencastro said...

Cê fugiu do Rino, heim? E ele, mesmo na fase brutalista, usava revestimento. Não há nenhum problema nisso.

O problema é revestir por revestir, em busca de efeitos. Cenários. Olhe bem as casas do cara: um puta vão numa parede de pedra e as pedras estão voando! Pedras voadoras! E aquela casa no interior toda revestida de pedra, que parece, o volume todo, voar! Você já acompanhou uma construção dele? Começa com uns volumes feios que só, alvenaria e massa porca e, de repente - mágica! - tudo fica lindo! Pedras, ripas, madeiras... Um arquiteto de acabamentos.

Ele tem seu valor, admito. Está muito longe de ser o pior dos arquitetos: a fila é grande! Mas ainda não sabe usar revestimentos de forma adequada, tal como o Rino sabia (só para citar o exemplo dado por você). Quando aprender regras básicas - e entender algo sobre construção, insolação, ventilação, estrutura etc - vai ser melhor do que é.

8:04 PM  
Anonymous Anônimo said...

Márcio Kogan?
lamentável...ainda mais ao lado do Velho...

10:26 AM  
Anonymous Anônimo said...

Alencastro e Alberto, gostei de ver!
Não fui convidado a opinar, mas, para não ficar em cima do muro, fico com os argumentos do primeiro.
Não desautozaria, no entanto alguns argumentos do segundo. Não no que tange aos elogios ao Kogan, mas na "coisa" do desmascarar um pouco os "diluidores" do modernismo.

Agora, não me lembro desta afirmação do Biselli.
Putz grila, de onde ele tirou esta certeza?
Afora o orgulho ufanista, que argumentos o convenceram disto também, Alberto?

6:48 PM  
Anonymous Anônimo said...

Realmente o Márcio Koogan tem sua produção quase toda voltada para residencias , mas não por questões pessoais , mas sim pq o Brasil é um país pobre (quando comparado aos de 1ºmundo), portanto são raros os "grandes projetos" , e quando aparecem , são do governo , neste caso são encomendados aos 3 bambambans (O.N,PMR & R.O)...
Por isso , apesar da polêmica dos revestimentos , acho que o trabalho do Koogan é fantástico , e traz consigo uma "brasilidade" que falta nos projetos atuais...

3:32 AM  
Anonymous Anônimo said...

Caramba, quer dizer que ao Márcio Kogan somente restaram as casas?
Bobagem.
Tá cheio de grandes projetos por aí. Principalmente de fora do governo. Se tem dúvidas, pergunte a turma do ASBEA.

Nesta discussão o Alencastro tem toda razão. As casas do Kogan são cenários irritantemente lindos.

Argumentar sobre a pobreza do país citando projetos do Kogan é um absurdo. O trabalho a que ele se propõe é bem feito, mas somente amplifica nossa brutal desigualdade social, este sim, traços autênticos da nossa brasilidade.

12:37 PM  
Anonymous Anônimo said...

Desculpe Anónimo , realmente o Brasil é rico d+ , o Sir Norman Foster acaba de projetar o viaduc de Millau , ligando o Rio a Niterói...I.M.Pei está projetando a ampliação do MASP... Frank Gehry marcou pra junho a inauguração do Guggenheim - Recife... E a Zaha Hadid tem planos de um centro cultural em Piracicaba-SP...
Como é bom morar nesse país rico , cheio de capital , investimento em grandes obras...Eita orgulho!!

12:20 AM  
Anonymous Anônimo said...

ALberto,
Kogan é um palhaço. Coisa que o Niemeyer não é. Vc disse que ele não é a expressão arquitetônica de um projeto nacional. Pois lhe digo que é, você precisa se informar. Você reage ao passado "com o que tem aí", como se bastasse. Como se a realidade fosse justificativa, reiterando o pensamento único no projeto arquitetônico.
Essa discussão toda Kogan, Niemeyer não me interessa. A escolha do Kogan só revela o descaso da revista, poderia ser o Isay, poderia ser qualquer um. Niemeyer fez obra pública. Acho que seria acertado a revista não elencar por arquiteto mas por produção de obras públicas. O discurso do Niemeyer não pode ser comparado com o do Kogan. De onde vcs tiram essas coisas?

2:32 PM  
Anonymous Anônimo said...

Quando à crítica ao trabalho do cara começa a se direcionar À OBRA EM ANDAMENTO, acho que a discussão já acabou, e estamos no bar falando besteira. Revestimento, meu amigo, é efeito estético. Não me venha com justificativas funcionais para um Atos Bulcão, ele não merece isso. Mas mesmo para um bom porcelanato a regra é a mesma: tá lá pra produzir um efeito estético. O resto é brutalismo paulista enrustido, (e no seu caso, vejo que você está prestes a sair do armário, hehe). A pobreza do Brasil, se fosse material, não comportaria Brasília nem outras niemeyrices. A pobreza nossa é cultural, QUE PERMITE um monopólio caríssimo desses ao longo de décadas. Vou ser franco com você, porque acredito que voc~e é também franco ao debater: seu preconceito contra revestimentos é contraditório (basta ver as obras que você gosta no exterior) e me parece ainda insegurança, de firmar uma opinião em meio a matilha brutalista que normalmente não perdoa quem elogia revestimentos fora do catalogo PMR ou mesmo obras que não se construam como uma escultura - o que você criticou, para meu espanto, em sua resposta. Perdi completamente a referencia das suas convicções.

3:43 PM  
Anonymous Anônimo said...

eca koob,
brasilidade?
fale como arquiteto...papinho de madame.

6:14 PM  
Blogger Alencastro said...

Discutam a vontade. Estamos no 17° comentário: esses senhores valem tanto assim?

6:35 PM  
Anonymous Anônimo said...

koob, que confusão está fazendo!

São seus os argumentos de que as grandes obras são públicas e que as faz são apenas os três citados. E que ao Kogan sobraram as residências que ele fantasticamente resolve (como se a ele valesse o ditado popular: se a vida te dá limões, faça uma limonada!).

E tome cuidado com a ironia dos projetos, pois o Siza já está no sul, Portzamparc e Starck no Rio... confesso que preciso me lembrar quem poderia ser citado em Piracicaba!

Koob, independentemente de gostarmos ou não do trabalho do PMR e do Niemeyer e gente deste quilate, uma coisa não lhes seja tirada: a coerência, persistência, coragem e talento de manterem-se ativos e convictos durante todos estes anos.
Evidentemente, isso não justifica nem impede que obras ruins tenham sido feitas em nome ou por conta de suas personalidades.

Agora te pergunto, quem destes arquitetos que lhe vem a cabeça trocaria seus milhares ou milhões de metros quadrados construidos e remunerados (com ou sem revestimento, Alberto!) pelas longas fases de ostracismo daqueles.
É fácil de pensar, se for para ganhar um Pritzker eu topo!

Em resumo, vamos viajar um pouco: Paulo Mendes está para João Gilberto, assim como Márcio Kogan para....?

ps. Não sou da Vila Buarque, nem chamaria o "velho" para uma parceria!!!!

7:14 PM  
Blogger Alencastro said...

"...assim como Marcio Kogan para Tititica?"

7:20 PM  
Anonymous Anônimo said...

Putz, pegou pesado!
Nem o maior louco deste blog vai valorizar ESTE traço de brasilidade!

7:32 PM  
Blogger Alencastro said...

Sabe como é que é, toda traço de brasilidade é meio populista, não?

7:38 PM  
Anonymous Anônimo said...

mas só se valorizam aqueles que ficam bem na fita!

7:41 PM  
Blogger Alencastro said...

Sim, nada sem dente, né?

7:48 PM  
Anonymous Anônimo said...

Na mosca!

7:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Depois eu que estou de mau humor.

12:02 PM  
Anonymous Anônimo said...

"independentemente de gostarmos ou não do trabalho do PMR e do Niemeyer e gente deste quilate, uma coisa não lhes seja tirada: a coerência, persistência, coragem e talento de manterem-se ativos e convictos durante todos estes anos."
Por favor, que não se fale em coerência ao se falar de Niemeyer.

5:38 PM  

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