29 setembro 2008

O início da era digital?

Que nós não somos nem um pouco cosmopolitas, eu sei. Mas é incrível como esse fato não mereceu nenhuma repercussão por aqui. Considerada uma das mais importantes publicações especializadas do globo - que circulava desde 1930, a célebre revista francesa l'Architecture d'Aujourd'hui deixou de circular. Isso mesmo: ela não é mais publicada.

Por aqui, ela foi muito importante: nos anos de 1950, haviam no Rio de Janeiro e em São Paulo, quase cinco mil assinantes. Com isso, a revista passou a se interessar pelo país: publicava sempre arquitetos brasileiros e realizou alguns números monográficos sobre a arquitetura moderna do Brasil. Ironicamente, o último número que saiu foi o 373, dedicado ao centenário do Niemeyer (e os brasileiros que colaboraram, com textos e fotos, estão esperando até agora o pagamento...). Com os salários atrasados, a redação parou. Depois disto, ela que era nos últimos anos bimestral, não circulou em fevereiro, nem em abril, nem em mês algum. O que não dá para saber é se ela desapareceu por má administração e falta de assinatura e anúncios, pelo desinteresse pelo mundo impresso ou se por todos estes fatores agregados.

A l'Architecture d'Aujourd'hui já mudou diversas vezes de editoras (a última, era a Jean-Michel Place), de editores (desde Andre Bloc até François Chaslin), de linhas editoriais (mais à arquitetura ou mais ao urbanismo), mas sempre resistiu, na trincheira da arquitetura de vanguarda. Em alguns momentos - como na 2ª Guerra, por exemplo - ela até deixou de circular. Resta saber se haverá algum interesse em ressuscitá-la...

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19 setembro 2008

Será?

Ontem, representantes do Foster, do Herzog & de Meuron, do Pelli e do Koolhaas estiveram conversando com João Sayad sobre os destinos da antiga rodoviária, que o governo estadual de São Paulo pretende transformar em Teatro de Dança. Quem deu a notícia foi a Sonia Racy, em sua coluna de hoje (não disponível na net).

Eu, sinceramente, não sei o que o Pelli esta fazendo no meio desta turma. O Foster, tenho dúvidas. Mas uma coisa é certa: pela fachada existente, o projeto está mais para o Koolhaas, não acham? Ou será que é a Prada do Herzog?

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18 setembro 2008

Mistério...

Um grande mistério ronda o mundo editorial arquitetônico: está pronto, há mais de um ano, um livro que o Instituto Tomie Ohtake fez sobre Niemeyer. O livro chama-se Oscar Niemeyer: 100 anos, 100 obras pois tem como linha mestra as supostas 100 obras mais importantes do velho. Quanto aos verbetes, Ricardo Ohtake encomendou-os ao Segre.

Mas, o que aconteceu? Por que o livro, que ficou pronto em dezembro, ainda não foi lançado? Será que Niemeyer não gostou do resultado? Será que estão esperando o velho morrer? Ou será então que houve uma saia justa entre a família Ohtake e Niemeyer?
O que eu sei é que se passarem mais três meses e não lançarem o livro, terão que mudar o subtítulo para 101 anos, 100 obras...

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17 setembro 2008

Eleições 2008?


Mais bagunça no IAB/SP: em ofício, o presidente do IAB/DN João Suplicy solicita a atual presidenta Rosana Ferrari que convoque novas eleições, pois Guedes não cumpriu 2/3 do mandato. E mais: diz ainda que a eleição já deveria ter sido convocada.

Lá vem nova briga jurídica...

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16 setembro 2008

Bi-campionato

Essa é em primeira-mão para os leitores do Alencastro: Peter Zumthor acaba de ser nomeado ganhador do prêmio Praemium Imperiale. Ele ganhará 15 milhões de yens (cerca de 145 mil dólares). Esta é a 20° edição do prêmio, que é anual e possui ainda as categorias pintura, escultura, música e cinema. Em relação aos países de origem dos arquitetos premiados, esta é a primeira vez que um projetista ganha no ano seguinte ao de outro compatriota (quem levou no ano passado foi a dupla Herzog & de Meuron). Será um sintoma da qualidade recente da produção suíça?

Ainda levando em conta as nacionalidades dos premiados, o país que mais venceu a disputa é o Japão, com quatro prêmios (Tange, Ando, Maki e Taniguchi). Se o Pritzker, que é norte-americano e tem o número absoluto de laureados nascidos nos EUA (oito, contra três do Japão e da Inglaterra, ambos em segundo lugar), por que o imperador japonês faria diferente?

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12 setembro 2008

Jura?


Existem semanas em que o notíciario arquitetônico é muito estimulante. "Claudette Soares - Show no Memorial", informa um dos tópicos 'Últimas notícias' na página de abertura do Vitruvius...

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11 setembro 2008

"Eu não uso meu trabalho para ter glória"

Esbarrando no tema '11 de setembro', a New Yorker da primeira semana de setembro - a chamada the style issue - trás, entre outras coisas, um perfil enorme de Santiago Calatrava, onde ele fala da estação que desenhou para o ground zero. Leiam um trecho, que ele descorre sobre as mudanças em seu projeto:

"'Eu acho isso um absurdo, mas não é meu trabalho educar as pessoas', ele me disse. Parte da grandeza do desenho foi perdida, mas, para ele, 'é como se você estivesse fazendo uma pintura. Você encontra partes inacabadas em algumas telas de Rembrandt".

De uma forma geral, o texto da jornalista Rebecca Mead é interessante (e deu trabalho): nas dez páginas da revista impressa (na internet são nove) ela conta a trajetória de Calatrava, o dia-a-dia do arquiteto, mostra a opinião dos clientes - que, de forma geral, o endeusam -, revela o processo criativo em aquarela, fala sobre inspirações etc etc. Ela foi a Milwaukke, conversou com Calatrava no escritório e na casa dele em Nova York, foi também Valência, Espanha, na casa e no escritório do artista. Outro trecho, também falando sobre a estação (que não é o principal assunto):

"'Eu não sou uma marca. Isto é uma marca', disse-me certa vez apontando para o seu relógio, um Patek Philippe. ( Era um modelo 'Calatrava', fabricado pela primeira vez em 1932. Calatrava possui três deles, todos presenteados pelos filhos)".

Apesar da boa vontade do texto, ele não foi capaz de mudar minha opinião sobre a arquitetura de necrotério que ele faz.

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04 setembro 2008

Açoite

Quem gosta do Paulinho tem programa imperdível para hoje à noite. Ele debate um de seus temas preferidos, os 300 anos do período colonial. O evento ocorre na Livraria da Vila (rua Fradique Coutinho, 915, 19h30) junto com o lançamento do livro Caminhos da Conquista, de Vallandro Keating e Ricardo Maranhão, que também estarão presentes.

Estava esquecendo. Um aviso importante, que saiu na Ilustrada de hoje: o encontro não é recomendado para menores de 16 anos.

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03 setembro 2008

"Manhê, o caminhão da Graneiro chegou..."

O fato não é novidade, aconteceu outras vezes. Mas merece comentário a reportagem que saiu no Los Angeles Times: para ser salva da demolição, uma casa de Richard Neutra construída em 1941 foi transportada de caminhão para outro terreno. Os lotes não eram muitos distante - apenas alguns poucos quilómetros no sentido oeste -, mas a operação foi delicada e burocrática.

Mas, sem querer ofender, o lugar não tem nenhuma importância na concepção de um projeto? Ou os modernos tinham essa vantagem, pois faziam projetos 'universais'? E por aqui, se essa moda pega com nossas obras modernas? Acho que não corremos este risco: ou adapta-se nossos templos de concreto ou elas vão para o chão, definitivamente.

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