"Eu não uso meu trabalho para ter glória"
"'Eu acho isso um absurdo, mas não é meu trabalho educar as pessoas', ele me disse. Parte da grandeza do desenho foi perdida, mas, para ele, 'é como se você estivesse fazendo uma pintura. Você encontra partes inacabadas em algumas telas de Rembrandt".
De uma forma geral, o texto da jornalista Rebecca Mead é interessante (e deu trabalho): nas dez páginas da revista impressa (na internet são nove) ela conta a trajetória de Calatrava, o dia-a-dia do arquiteto, mostra a opinião dos clientes - que, de forma geral, o endeusam -, revela o processo criativo em aquarela, fala sobre inspirações etc etc. Ela foi a Milwaukke, conversou com Calatrava no escritório e na casa dele em Nova York, foi também Valência, Espanha, na casa e no escritório do artista. Outro trecho, também falando sobre a estação (que não é o principal assunto):
"'Eu não sou uma marca. Isto é uma marca', disse-me certa vez apontando para o seu relógio, um Patek Philippe. ( Era um modelo 'Calatrava', fabricado pela primeira vez em 1932. Calatrava possui três deles, todos presenteados pelos filhos)".
Apesar da boa vontade do texto, ele não foi capaz de mudar minha opinião sobre a arquitetura de necrotério que ele faz.
Marcadores: Calatrava, Rebecca Mead, The New Yorker
27 Comments:
Um texto vago e tendencioso...
Por que "arquitetura de necrotério"?? Talvez me falte repertório para entender essa descrição.
Caltrava faz uma arquitetura dinâmica, inspirada nas formas da natureza e, funcional (não podia esquecer de um termo tão cultuado pela crítica tupiniquim...)
No Brasil, quando a arquitetura agrada a leigos, é massacrada pela crítica. O fato é que alguns merecem ser massacrados (como o arquiteto da "carambola", por exemplo) e outros, não.
Mas, esse aí não merece.
Annima: tudo aqui é vago e tendencioso. Qual a novidade?
Mas para ser annistoso com você, diria, sei lá, entende? É que eu acho a arquitetura dele meio Jurassic Park... Quando entro em suas obras, me sinto o próprio pinóquio dentro da baleia. e para quem nasceu no país do Niemeyer, isso não tem graça nenhuma.
hum... então é "arquitetura do espetáculo" e não de "necrotério".
Mas, o que há de errado com a arquitetura do espetáculo, afinal?
Visitei a Estação do Oriente e amei as colunas metálicas que imitam troncos de árvores. Legal o ritmo e o "recorte" que aquela cobertura faz do céu.
Aliás, tire uma dúvida minha: aquele pepinão do Foster, em Londres, é um exemplar da ""arquitetura do espetáculo""?
Olha annima, não fique repetindo em suas reportagens esta coisa de "inspirada na natureza", que o homem não gosta, heim? Leia só:
"Calatrava’s bridges, for which he initially earned his fame, often evoke the shapes of lithe human forms, bending or lunging with Olympian vigor. Though he does not like to describe his work as having been inspired by nature—he is fond of quoting Rodin, who said that inspiration does not exist—the connection has been made by the developers marketing his buildings. The sales slogan for the Chicago Spire is “Inspired by Nature, Imagined by Calatrava.”"
Outra coisa, deixa eu tentar explicar o inexplicável: necrotério relacionado a coisa morta, sem vida, defunto, cádaver, presunto, ossos... Agora, espetáculo, só se for de humor negro!
Bom, para mim e para os marketeiros parece mais um vegetal do que qualquer outra coisa.
Em off:
Bom, já que falou do meu trabalho, vou falar do seu.
Me diga uma coisa: o que vc quer realmente dizer quando escreve "tectônico" nos seus textos?
E parabéns pelo box "Emoção raptada". Um texto corajoso e muito bem colocado! (apesar de achar que a estrutura do Sabina é clara... mas isso não tem importância)
Annima, em primeiro lugar desculpe-me não respeitar o seu pedido de off. Isso só para te dizer: água!
Faria a mesma coisa no seu lugar.
Tchau.
Visitei ano passado a vila olimpica de Atenas , projeto de 2004 , as bases metálicas , originalmente brancas , estão todas laranjas de ferrugem.Isso apenas 3 anos depois de inaugurado!!
E um amigo visitou a cidade da musica na Espanha , mas não conseguiu visitar direito a exposição de tantos baldes espalhados , contendo as gotas das infiltrações...
Será que a culpa é só dos construtores?
Meu blog ja diz muito sobre o calatrava...rs...e nao tem nada de bom por la...Acho que nem era pra ter..rs...
Alencs, certamente ce vai lembrar de um ensaio em que uma escriba (olha eu disfarçando que não lembro quem é) que chamava a arquitetura de calatrava de herética, pois suas formas "estruturais" de estrutura não tinham nada, tudo fake... Resumindo em duas palavras, pós-moderno. Ou seja: R.I.P.
alberto, a constatação de que as belas estruturas do calatrava não tem nada de estruturais, já é bem antiga... e é impressionante que o pós-moderno-moderninho dele ainda engane muita gente...
Sim, sim, o texto é antigo também. Um daqueles ensaios da Projeto que vinham em papel vagabundo, no formatão antigo.
interessante que aquele papel vagabundo não aceitava porcaria facilmente...
Acho que não, Koob.
O cara se acha, Ricardo.
Você anda lúcido, não Alberto?
Acho que não é uma questão de enganar, Luciano. Arquitetura é assim mesmo: uma manifestação cultural que, por não ser exata, não existe certo ou errado. O que existe são opiniões diferentes. Eu, pessoalemente, não contraria o cara; mas acho bom que ele exista.
Aceitava sim, Luciano. De cada 10 textos, só prestava um ou dois. Pode fazer a prova.
prestavam, sorry.
hahaha...tipo "finalmente um pouco de lucidez desse cara", coisa assim?
E concordo, pequena parte dos ensaios prestavam, e me deixaram com birra de qualquer coisa que se falasse de arquitetura latinoamericana por um bom tempo.
Mas era a decada de 90. Paciência.
Concordo contigo Alencastro, não existe certo ou errado... tem até aqueles que gostam do Venturi...
Quanto as velhas páginas da Projeto, realmente a produção textual e crítica (bah, essas duas palavras na mesma frase!! e ainda por cima vem Brasil depois) no Brasil sempre foi algo complicado, mas não percebo grande melhora... parece que a cordialidade ainda prevalece e como os textos não ajudam muito, vou te dizer que às vezes até alguma casa da Arquitetura e Construção é mais interessante que os projetos selecionados para a Projeto.
Mas voltando ao principio, não existe certo ou errado...
Sinceramente, prefiro sair da Estação Oriente, andar uma quadra e encontrar o pavilhão do Siza Vieira. Em 3 linhas o projeto está resolvido.
Certamente, Luciano. As coisas não mudaram muito: em revistas de arquitetura, em geral, os textos são pretenciosos ou fracos.
pretensiosos, sorry.
Não vai querer comparar o Siza com o Calatrava, não é Reinaldo?
pois é Alen... quanta diferença na distancia de uma quadra...
em tempo, parabéns pelo blog... é muito bom.
Graças ao diabo, Reinaldo, o mundo é diverso...
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