O início da era digital?
Que nós não somos nem um pouco cosmopolitas, eu sei. Mas é incrível como esse fato não mereceu nenhuma repercussão por aqui. Considerada uma das mais importantes publicações especializadas do globo - que circulava desde 1930, a célebre revista francesa l'Architecture d'Aujourd'hui deixou de circular. Isso mesmo: ela não é mais publicada.
Por aqui, ela foi muito importante: nos anos de 1950, haviam no Rio de Janeiro e em São Paulo, quase cinco mil assinantes. Com isso, a revista passou a se interessar pelo país: publicava sempre arquitetos brasileiros e realizou alguns números monográficos sobre a arquitetura moderna do Brasil. Ironicamente, o último número que saiu foi o 373, dedicado ao centenário do Niemeyer (e os brasileiros que colaboraram, com textos e fotos, estão esperando até agora o pagamento...). Com os salários atrasados, a redação parou. Depois disto, ela que era nos últimos anos bimestral, não circulou em fevereiro, nem em abril, nem em mês algum. O que não dá para saber é se ela desapareceu por má administração e falta de assinatura e anúncios, pelo desinteresse pelo mundo impresso ou se por todos estes fatores agregados.
A l'Architecture d'Aujourd'hui já mudou diversas vezes de editoras (a última, era a Jean-Michel Place), de editores (desde Andre Bloc até François Chaslin), de linhas editoriais (mais à arquitetura ou mais ao urbanismo), mas sempre resistiu, na trincheira da arquitetura de vanguarda. Em alguns momentos - como na 2ª Guerra, por exemplo - ela até deixou de circular. Resta saber se haverá algum interesse em ressuscitá-la...
Por aqui, ela foi muito importante: nos anos de 1950, haviam no Rio de Janeiro e em São Paulo, quase cinco mil assinantes. Com isso, a revista passou a se interessar pelo país: publicava sempre arquitetos brasileiros e realizou alguns números monográficos sobre a arquitetura moderna do Brasil. Ironicamente, o último número que saiu foi o 373, dedicado ao centenário do Niemeyer (e os brasileiros que colaboraram, com textos e fotos, estão esperando até agora o pagamento...). Com os salários atrasados, a redação parou. Depois disto, ela que era nos últimos anos bimestral, não circulou em fevereiro, nem em abril, nem em mês algum. O que não dá para saber é se ela desapareceu por má administração e falta de assinatura e anúncios, pelo desinteresse pelo mundo impresso ou se por todos estes fatores agregados.
A l'Architecture d'Aujourd'hui já mudou diversas vezes de editoras (a última, era a Jean-Michel Place), de editores (desde Andre Bloc até François Chaslin), de linhas editoriais (mais à arquitetura ou mais ao urbanismo), mas sempre resistiu, na trincheira da arquitetura de vanguarda. Em alguns momentos - como na 2ª Guerra, por exemplo - ela até deixou de circular. Resta saber se haverá algum interesse em ressuscitá-la...
Marcadores: Andre Bloc, centenário Niemeyer, François Chaslin, Jean-Michel Place, l'architecture d'aujourd'hui, Niemeyer
26 Comments:
O que poderia tornar uma revista de arquitetura desinteressante? A próprioa arquitetura?
Tanta coisa, Ricardo... Mas, vamos lá, em síntese: a forma (a diagramação, a maneira de apresentar etc) e o conteúdo (as obras escolhidas, a forma de apresentar os projetos, os temas escolhidos, os textos, a diagramação, os artigos etc etc...
Incrível que uma revista conceituada com esta não tenha resistido, mas deve ter pesado o desinteresse mundial pelo idioma. Em determinado momento o espanhol se tornou mais atrente, o inglês universal, e consequentemente, suas revistas idem. A lamentar.Atualmente minhas assinaturas são Architectural Review e Arquitectura Viva. Espero que não fechem as portas.
não acho que a l'architecture d'aujourd'hui seja vítima da era digital, se até jornal diário ainda resiste impresso. Na minha opinião, a revista ficou muito "densa" pros dias de hoje, além de o francês já não ser tão conhecido assim...
E um blog? Por que morre(ria)?
O link por você indicado (da maverick) tá lá paradinho a quase dois anos...
Ok, é mais fácil ressuscitar um blog que fazer nascer um novo!
Apesar do profeta ter proferido neste tempo todo várias vezes as palavras mágicas-Ohtake, ela não mais se movimentou!
Ontem mesmo assisti uma palestra do Alvaro Siza, aqui na Europa, e o mestre comentou que essa revista era uma das poucas que passava pelo muro do regime, uma janela para o que acontecia na arquitetura mundial. Mas o mesmo também comentou que já há boatos que Jean Nouvel e outros arquitetos devem assumir a revista. Vejamos no que dá isso.
Olá!!
Bom dia!
Faz muito tempo que visito seu blog, mas nunca havia comentado!
Adoro sua maneira de escrever. Vou começar a comentar hoje por um motivo bem especial. Moro na Argentina e fico muito feliz de ver que saiu o novo número da revista 1:100 com matéria de Paulo Mendes, tudo sobre a casa Gerassi. Saludos a todos!!!
Cristiana
É Vissotto: o mundo não é mais feito de francófilos...
Será a densidade, Carlos? Em relação a comparação com o jornal diário, temos que lembrar dois lados que afetam as revistas de arquitetura e não afetam o jornal (que passam, sim, por uma grande crise mundial).
Em primeiro lugar - como todos, inclusive você, lembraram - a França não é mais o que era. Principalmente, no exterior. E a l'architecture d'aujourd'hui sempre foi uma revista internacional. Se dependesse só da França, já tinha fechado faz tempo. Você conhece alguém, por exemplo, que quer estudar arquitetura ou fazer pós no exterior e tem a França como primeira opção? Eu não.
O segundo ponto são os estudantes de arquitetura. Eles historicamente sempre foram responsáveis por 15-20% das tiragens - diferentemente dos jornais diários. Mesmo com o número de estudantes e escolas aumentando com o tempo, a concorrência também aumentou (ou seja, novas publicações). E neste caso, é importante pensar no apelo da era digital. Os estudantes de hoje são iniciados na arquitetura sem a sedução das revistas. Sites e blogs são muito mais rápidos e sedutores.
Um blog morre por preguiça ou falta de tempo, anónimo...
Olha ai: o fábio nos trás notícias frescas...
Estamos mesmo internacionais, hein? Primeiro, um comentário da Europa; agora, outro da Argentina...
Seja bem vinda, Cristiana - gostei da estrelinha...
Quanto a publicação da casa Gerassi, eu comprei na minha última estada em BA. É muito bem-feitinha, parece um pouco aqueles livretos que eram publicados pelo Instituto Lina Bo. Ainda não li o texto crítico da Cathê (a entrevista, também realizada por ela, eu passo), mas vou fazê-lo em breve.
então, alencastro, a revista morreu pq deixou de ser sedutora! convenhamos, l'architecture estava bem chata. muito "lenta" ou "pesada" pros dias de hoje. Mas eu vou achar muito bom se esses arquitetos assumirem a revista e renová-la. vou gostar de ver.
Bem chata... Eu nunca vou esquecer de uma revista que comprei - deve fazer uns cinco anos - com uma velha na capa... é que o tema era projetos adaptados a 3ª idade... eles tentaram inovar, mas não deu certo.
R.I.P.
Acho que é a primeira de algumas.
Também acho, Alberto.
não deu certo pq não souberam fazer. a midia está passando por grandes transformações, mas eu não acho que a internet ou os meios eletrônicos vão substituir tudo. eu fico online quase o dia todo, nem por isso deixo de ler revista semanal e as de arquitetura.
A mídia eletrônica podem não substituir a impressa, mas ela vai se abalar.
Informações de dentro do escritório do Jean Nouvell dizem que ele acabou de comprar a revista.
Se for verdade, acho que agora sim ela vai ficar confusa...
abalar já abalou. mas parece que já tá rolando um equilíbrio. O legal disso tudo é que tudo é novo, uma revolução de verdade, e ninguém, nem os papas da mídia, sabem no que vai dar.
mas será q ele mesmo vai ser editor?
Vai nada: ninguém vai trocar o glamour de ser uma estrela da arquitetura para ser editorzinho de revista! Imagina.
Alencastro, é uma grande pena. Em especial para nós brasileiros. Mais pela história talvez, mas eu particularmente mantive minha assinatura até o final. A propósito, o último editor, Axel Sowa, estará no Brasil, no Forum Internacional de Natal de 28/10 a 31/10. A se conferir a conferência.
abraço
chico
Mande-nos notícias, Manga.
Alencastro,
Como é que você sabe que este Chico anônimo é o Chico Manga? Você fez PUCC?
É Betão, sei de muita coisa...
Abraços na Valéria.
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