O retoque da capa acima - com a foto original lá no alto - é outra história, contada em detalhes pela
Franka (resumindo, para arrumar a luz estourada, o diagramador, com Photoshop porco, deixou o piso de madeira torto...).
Mas o assunto aqui é outro: eu, lógico! Não sei se todos leram o comentário da Annima, mas saiu uma citação ao Blog do Alencastro na
aU 169 - acho que eles não aguentaram a pressão, pois há poucas semanas eu cobrei que a mídia nos ignorava... Está lá na página 16, na seção
Fatos e Opinião (aquela que faz uma pergunta para 3 ou 4 pessoas e publica as respostas junto com o retrato do RG dos fulanos). Na carona da
polêmica do que disse o Montaner na própria aU, a questão colocada pela editora era: "
O que é crítica de arquitetura?"Para responder a acalorada incógnita, perguntaram a alguns iluminados de plantão: Roberto Segre, Ruth Verde Zein, Carlos E. D. Comas, Edson Mafhuz e Alberto Xavier. Na resposta da Ruth ela recusa-se a responder. Para ela, o que a revista espera de sua resposta "é a leviandade das opiniões apressadas mas espertinhas". Por falta de espaço, resolve não definir a tal crítica. E diz ainda que fora da academia, o ar está poluído. Cofi, cofi, cofi!!! Para Mahfuz, a crítica é aquilo que esclarece e tem de ser feita por quem entende, "idealmente, um arquiteto". E afirma que o que se faz agora é superficial.
Já Comas diz que crítica é avaliação, seja ela qual for, mas a que interessa é a que é "fundamentada". E diz que ela existe no Brasil sim, obrigado. Mas não esclarece aonde nem quem é que faz (ficou com vontade de dizer "hei, olhem para baixo, eu estou aqui..."). Xavier, o mais sensato e realista, afirma que ela é um "elemento norteador, capaz de discernir valores, gerar debate, avaliar significados e indicar caminhos". Diz ainda que "carecemos de uma tradição crítica" e clama pela presença dela em mídias gerais. Afirma que restam as revistas da área e que, mesmo assim, o enfoque delas não é crítico. Eureka. E conclui que a nossa relação entre crítico e criticado é provinciana, que gera "ressentimentos e até inimizades. Daí a cautela e, às vezes, o próprio silêncio".
Contudo, na página de abertura da matéria, com maior texto, há o depoimento do Segre - naturalmente, o meu preferido. Primeiro pois ele é o único a polemizar com Montaner - os outros, fogem do assunto. Segundo Segre, a crítica deveria estar nos jornais para uma discussão ampla com a sociedade. Por isso, acha que o espanhol errou ao dizer que aqui não existe crítica pois não há avaliações de fôlego nos livros e nossos iluminados só fazem "ensaios". Depois, pois ele dá nome aos bois: começa a citar uma série de aventureiros esquecidos por Montaner - entre eles, esse pobre coitado blogueiro. Vamos as palavras do nosso novo oráculo:
"no Brasil Montaner reitera a importância dos críticos tradicionais, mas não compreende que é maior a transcendência de jovens como Otávio Leonídio quando escreve na revista Mais!, ou Fernando Serapião, com suas inéditas revelações publicadas na revista Piauí; além da fina crítica do Blog do Alencastro." Como diria o Francis, waall!!!
Não saciado, Segre vai além:
"são eles que formam a opinião na cultura social arquitetônica e não os livros especializados". Waall!!!
Gostaria até de ter estatura para rebater o Segre, e dizer que "não, eu não sou o cara, que eu não sou tão importante assim", mas fazer o quê? O sujeito é uma sumidade: já viram o currículo dele? Doutor Honoris Causa aqui, Doutor Honoris Causa lá... Eu, heim. Deixa para lá: não vou engrossar essa polêmica com um monstro sagrado destes...