Cinismo ou cara-de-pau?

O tema da Trip deste mês (n°158) é o acolhimento. Assinada por Luara Calvi Anic, a reportagem mais interessante chama-se 'Já faz parte da família', que narra a vida de empregadas domésticas cuja relação com os patrões "são o melhor exemplo do esgarçado limite entre o público e o privado no Brasil".
Lá pelas tantas, entra em questão os dormitórios de empregada. Um box na matéria, intitulado 'Depósito de gente', o arquiteto Israel Rewin - que outrora foi um dos maiores aprovadores de plantas de São Paulo - foi ouvido. Sobre o tamanho das quartos (a lei estipula no mínimo cinco metros quadrados, mas geralmente os quartos possuem 3,5), ele diz que "é melhor do que morar no extremo da periferia".
Mais adiante, a matéria conta que "segundo Israel, normalmente o espaço é projetado como home office ou depósito, passa pelo crivo da prefeitura, já que a lei não estipula um tamanho para dependências deste tipo e depois o imóvel é vendido como 'dependência de serviço' com direito a cama, armário e banheiro ilustrando a planta. No desenho tudo cabe, agora no espaço físico, 'o desaforo vai sempre para a empregada', lembra Israel".
E ai: é cinismo ou cara-de-pau?
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