27 janeiro 2009

"um blog qualquer..."

Vocês sabem que a falta de assunto em janeiro é uma coisa séria... Pois é: vamos fazer um esforço, vai? Eu li em uma entrevista qualquer um entrevistado qualquer falar de um comentário qualquer deste blog, que discutia a velha e fantasmagórica crítica (foi naquele post sobre a entrevista do Montaner na aU, lembram?). Primeiro, vamos ler o comentário no blog que deu origem a confusão:

"Alenca

De todos os textos que o Comas já fez só consegui ler "meio". Aquele sobre Pampulha, em que ele discorre sobre a inspiração de Niemeyer na "Cabana Primitiva" para conceber a "Casa de Baile". Lamentável. A interpretação permite tudo... No fundo, a crítica gaúcha, não deixa de ser um "olhar estrangeiro". Afinal, nada daquilo que eles comentam (Costa, Niemeyer, Reidy, Artigas, Lina e Paulo) não foi construído lá. Realmente, o sentimento de frustração deve ser enorme. A crítica é só uma válvula de escape. Mas também uma maneira de demarcar território.

cricri"

Mas a provocação barata realizada em janeiro de 2008 não ficou sem resposta. No melhor estilo John Wayne, Comas - o gatilho mais rápido do velho oeste - respondeu de bate-pronto, de primeira, um ano depois... na entrevista da aU de janeiro de 2009! Vejam só:

"Para contar algo de pessoal, li em um blog qualquer um comentário escandalizado com a minha comparação da Casa do Baile da Pampulha a uma cabana primitiva, considerada no mínimo absurda. Evidentemente, o comentário indica que o leitor não está familiarizado com a importância da ideia de cabana primitiva na arquitetura a partir do Iluminismo, com a persistência explícita dessa ideia nas formulações de Le Corbusier, com os vínculos entre essa ideia e a valorização da arquitetura vernácula por Lucio Costa, ou, mais concretamente, com o entusiasmo do Iphan, nos anos 40, com a Viagem Philosophica, de Alexandre Rodrigues Ferreira e as belas aquarelas de José Joaquim Freire, entre as quais uma representando a maloca dos índios curutus, e com o livre trânsito de Oscar Niemeyer no Iphan, ele que era o colaborador preferido de Lucio (Costa) e acabava de fazer o Hotel de Ouro Preto".

E agora, bando de ignorantes, entenderam a iluminada relação? Seria como, no melhor estilo Comas, a partir deste post, fazer uma relação do John Wayne com os índios curutus! Entenderam? Vocês precisam estudar mais e serem mais criativos!
Bom, o fato é que a falta de ambiente para a discussão arquitetônica no Brasil é espantosa. Como é que um cara como o Comas fica com isso entalado na garganta? Como é que ele leva um comentário de um blog como esse a sério? Tenho uma suspeita: a solidão intelectual. Creio que ninguém comenta nada do que ele escreve. N-I-N-G-U-É-M. E olha que ele não escreve pouco. Não sei se em tom de piada, se chamando ele de velho ou de prolixo, mas a mocinha que escreveu a abertura disse que se reunisse tudo que ele escreveu " já dariam uma enciclopédia".
E logo ele que além de escrever é um arquiteto de mão cheia. O que? Não lembram de nada que ele fez? Não lembra da galeria de arte ou da reforma no sobrado? E a reforma no mercado? Ora, é só pegar o catálogo da exposição Ainda Moderno? - montada em Paris. Os organizadores da mostra André Correa do Lago e Lauro Cavalcanti, para facilitar a pesquisa, recorreram a "consultores setorias" que fizessem uma lista de projetos locais para compor um panorama da produção recente. E da região sul, o consultor era Comas, que escolheu, entre outras coisas, uma obra-prima de... Comas, ora!

Marcadores: , , , ,

15 setembro 2006

As preocupações sobre a beleza II

Nesta semana, foi lançado no Rio de Janeiro o livro Moderno e Brasileiro: a história de uma nova linguagem na arquitetura (1930-60), de Lauro Cavalcanti.

O autor escrevia, durante os anos de 1990, uma coluna na revista aU. Além disto, Cavalcanti - arquiteto e antropólogo - assina várias publicações, entre elas, o catálogo da exposição por ele organizada em Paris Ainda Moderno?(2005).

No volume recém-lançado, editado pela Jorge Zahar Editor, o autor aprofunda seus estudos iniciados com As preocupações do belo (1995). Com eles, Cavalcanti busca elucidar o nascedouro do modernismo brasileiro, colocando o moderno em oposição com o neocolonial e as tendências acadêmicas.

A primeira vista, a obra chama a atenção pela publicação de imagens pouco vistas, como, por exemplo, as que envolvem a concepção do Grande Hotel de Ouro Preto: foto do terreno livre, fotomontagem do projeto neocolonial de Carlos Leão, da proposta inicial de Niemeyer e da opção final, com sugestão de Lucio Costa, com telha de barros e balcões.

Enfim, um trabalho de referência para quem estuda a arquitetura brasileira.

Só um porém: esta coisa de Niemeyer - que publicou uma casa dele nos tempos da Módulo -chamar o autor de "meu amigo" perde toda a credibilidade...

Marcadores: