Livros, livros...
Outro dia, em uma livraria carioca, me deparei com um volume novo e luxuoso, sobre a obra de Eduardo Ribeiro Rocha - ops, quero dizer Edo Rocha (não sei se alguém já viu em São Paulo). Ao que parece, será lançado oficialmente em novembro na Bienal. Grande formato, capa dura, edição caprichada, textos de apresentação de peso (Eduardo de Almeida e Pedro Paulo de Melo Saraiva), enfim, tudo de bom. Ou, quase tudo. O problema é o conteúdo: um belo portfólio!
Nada contra aquitetura corporativa, mas vale um livro tão bem-feito? Para quem interessa, é claro, além da enorme vaidade do autor? Dentro, poucas surpresas. Uma delas é a imagem da proposta para o esqueleto da Eletropaulo (parece que o Arquitectonica tomou conta de tudo e o projeto de Edo foi para a gaveta...). A outra surpresa? A casa do Wesley Duke Lee em Campos do Jordão: quem diria que era do Edo?
Mas o livro do Edo (editado pela Bei) é só o trampolim deste post: o foco é o mercado editorial em si. Depois do boom dos anos 90, quando quase todos os arquitetos históricos foram brindados (ou pagaram) com luxuosos volumes, ultimamente a coisa desandou: é cada livrinho sem importância que se faz por aqui! E olha que faltam ainda algumas lacunas a serem fechadas. Quem arrisca dizer qual é a maior? Chega de livros do Niemeyer! Editores: cadê o livro do Carlos Millan? E do Salvador Cândia? Ô Márcio: cadê o livro dos irmãos Roberto, heim? E tem mais: o Borsoi, o Luiz Amorim, o Croce Aflalo & Gasperini, o Pedro Paulo de Melo Saraiva, o Eduardo Longo... E o Sérgio Bernardes, heim Thiago? E o Heep, heim Marcelo?
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Acompanhando a inutilidade de algumas publicações recentes, em breve teremos um volume com os melhores posts do Alencastro!
Marcadores: Arquitectonica, Editora Bei, Edo Rocha, Eduardo de Almeida, livro, Pedro Paulo de Melo Saraiva
15 Comments:
Alencastro: vc esqueceu do Carlos Leão. Tem também o Miguel Forte e o Lucjan Korngold.
Sim, a lista é grande. Mas quem realmente faz falta?
Bom, ceis porecisam lembrar do que esse mercado é feito, old sports. O jeito mais fácil de entrar nele é vendendo layout corporativo a preço de banana (dependendo da banana), que pra certas empresas é literlamente um mercado de commodities: leilão direto. Daí esses "escritórios" precisam entregar o que venderam, e um livro de "referências" como esse, ou esses, são muito uteis, if you know...
Ah, Mr. Newshawk, eu sei que ce já sabe, mas, a Morar nova saiu hoje.
Lógico que há mais interesse de empresas patrocinarem um livrinho do corporativo. Isso é um fato. Mas a questão é: o público se interessa?
Bom, santa ingenuidade minha: o que esperar do nosso público, não? Nossos leitores não conseguem nem esgotar os poucos livros 'clásicos', como o do Rino Levi, por exemplo. Êta apetite intelectual!
Sim, sim. Já vi e li. Sobre a Jane Jacobs... o texto tá bom. A blogosfera arquitetônica - vc e a Franka - estão dominando a tal revista, heim?
Mas confesso que li rápidinho: é que chegou hoje a New Yorker da semana - com o tema Moda - e há um perfil prosaico (e enorme) sobre a Donatella Versace que me tirou a atenção...
Bom, digamos que literatura arquitetonica já viveu dias melhores. E falando em críticas, mudei de ideia sobre o Serapião. Mas pague a sua visita anual ao meu blog para ver, vai.
Minha visita não é anual, não: sou um eterno otimista, e sempre tenho a expectativa que haverá novo post... Ontem mesmo passei por lá.
Vou comentar aqui, sabe como é, ganho por comentário! Concordo com você (ou você agora concorda comigo...). Você não disse, mas o melhor é a foto que ilustra o texto: o banheiro!
A discussão é interessante, porém fugiu do mote do post...qual a maior lacuna dentre as obras dos arquitetos citados ? Qual obra é mais rica e ainda desconhecida ? Por que alguns são idolatrados pela "mídia" enquanto outros, constantemnte citados, não são justamente lembrados ? Alencastro cita 2 escritórios (arquitetos) cuja produção é tão rica em quantidade quanto em qualidade...eles somente não sucumbem ao "financiamento" próprio de seus livros...
É isso ai Marcio, ops, Anônimo!
o mercado editoril no Brasil, assim como quaquer outro que envolva cultura (a não ser blockbusters e globais), vai mal sim, muito mal. Livro é caro. Livro de arquitetura, mais caro ainda, a não ser (de novo) que seja um livro acadêmico. Registrar a obra de um arquiteto exige boas fotos (portanto um bom fotógrafo com um bom equipameto), um bom texto (feito com exclusividade para a obra), bom papel para não desperdiçar as boas fotos e desenhos e por aí vai... aí você precisa de um patrocinador pra bancar e... tente negociar patrocínio pra um LIVRO com um empresário brasileiro...
Charles, n�o seja t�o pessimista assim. Que empres�rio que nada: e o dinheiro da vi�va? � s� ter uns amigos no governo, ora!
hahahah só se for! hahaha
alencastro, de fato é mesmo de se estranhar a completa falta de publicações sobre o millan. logo ele que foi um dos fundadores da arquitetura paulista à millanesa.
No caso do Millan, especificamente, parece que o Faggin encastelou todo o acervo. Até ai, nada de anormal: por aqui, cada arquiteto tem seu 'dono'. O problema é que ele nem se alivia, nem sai da moita...
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