24 setembro 2007

Pecados arquitetônicos?


Hoje o Wisnik deu um pau no Biselli em sua coluna semanal na Folha (disponível só para assinantes do jornal ou do UOL). O contexto do ataque foi o livro recém-publicado, com texto do Sandro. Leiam um trecho:

"...continuam essencialmente pós-modernos, agenciando "estilos" em operações compositivas. Tal agenciamento é, sem dúvida, habilidoso. O que faz com que sua obra se destaque do padrão médio, alçando-se muito acima, em termos de qualidade, da arquitetura corporativa que se faz hoje em São Paulo. Digo isso porque o porte dos projetos recentes do escritório os credencia a ocupar esse mercado.


Contudo, nota-se também uma clara ambição autoral em sua produção, sobretudo naquela de maior escala, afirmando-se através de uma gestualidade plástica invocada como um processo de "redescoberta formal de Oscar Niemeyer". Ora, mas o que significa "redescobrir" Niemeyer a essa altura do campeonato, como que pinçado num catálogo de referências? Os arquitetos, ao que parece, assumem com naturalidade os princípios compositivos como ferramenta principal de projeto, bem como o uso de determinados materiais como marca, assinatura. Fica, no entanto, a pergunta: o que os afastaria do mero estilismo? Nem toda arquitetura solicita um enorme esforço de justificação teórica. A maioria, aliás, não. É produção corrente, de maior ou menor qualidade"


Resumindo: o cara cria uma arquitetura de mercado, tem ambição autoral, mas no fundo é um estilista. É isso mesmo?

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15 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ah, Wisnick. A cada oportunidade de falar besteira, ele aproveita duas.

6:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

Alencs, faz o serviço direito e reproduz na integra vai. Não tenho coragem de escrever tudo o que eu quero sem ler todo o texto.

6:47 PM  
Blogger Alencastro said...

Pô Alberto, você não lê jornal?

Essa eu perdôo, vai:

"São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

GUILHERME WISNIK

Operações compositivas

O que significa "redescobrir" Niemeyer a essa altura do campeonato, como se fosse pinçado de um catálogo?


FOI LANÇADO recentemente o livro "Biselli e Katchborian" (Romano Guerra, 128 págs., R$ 52), o segundo volume da coleção "Arquiteto Brasileiro Contemporâneo". Contendo fotos de Nelson Kon e texto de Alessandro Castroviejo, o livro apresenta a produção da dupla que tem se destacado em concursos nacionais recentes, obtendo o primeiro prêmio nas competições de projeto para a estação São Cristóvão da Supervia (2000), o aeroporto de Florianópolis (2004), a sede da Fapergs (2004), o Teatro de Natal (2005) e o Centro Judiciário de Curitiba (2005).
Formados na Universidade Mackenzie em meados dos anos 80, Mario Biselli e Artur Katchborian iniciaram a carreira ligados à moda pós-moderna, que abandonariam logo, segundo Castroviejo, "em favor de outras referências mais abstratas e geométricas". A colocação é inequívoca: a dupla opera a partir de referências, "pinçando" elementos aqui e ali nas obras de arquitetos como Frank Lloyd Wright, Renzo Piano, Rem Koolhaas ou o grupo Morphosis. Nesse sentido, continuam essencialmente pós-modernos, agenciando "estilos" em operações compositivas. Tal agenciamento é, sem dúvida, habilidoso. O que faz com que sua obra se destaque do padrão médio, alçando-se muito acima, em termos de qualidade, da arquitetura corporativa que se faz hoje em São Paulo. Digo isso porque o porte dos projetos recentes do escritório os credencia a ocupar esse mercado.
Contudo, nota-se também uma clara ambição autoral em sua produção, sobretudo naquela de maior escala, afirmando-se através de uma gestualidade plástica invocada como um processo de "redescoberta formal de Oscar Niemeyer". Ora, mas o que significa "redescobrir" Niemeyer a essa altura do campeonato, como que pinçado num catálogo de referências? Os arquitetos, ao que parece, assumem com naturalidade os princípios compositivos como ferramenta principal de projeto, bem como o uso de determinados materiais como marca, assinatura. Fica, no entanto, a pergunta: o que os afastaria do mero estilismo? Nem toda arquitetura solicita um enorme esforço de justificação teórica. A maioria, aliás, não. É produção corrente, de maior ou menor qualidade.
Vistos em perspectivas eletrônicas, muitos projetos são sedutores, apresentando volumes vestidos por peles de vidro e chapas metálicas, segundo calculados jogos de luz e sombra. Quase todos são pensados a partir de um uso extensivo da estrutura metálica, o que lhes dá grande leveza. Leveza que não se faz igualmente presente nas obras construídas, pois a passagem da arquitetura do gesto, pensada originalmente a partir do concreto armado, para a construção metálica, ao menos no Brasil, não é tão natural. Muitas vezes, o que é um traço simples no papel, na prática pode acabar virando uma parafernália de perfis, barras e cabos superdimensionados. É que o metal exige uma execução impecável, que envolve certa contradição em relação à substantiva margem de indeterminação ainda presente na nossa construção civil, e suposta nesse tipo de desenho."

7:20 PM  
Anonymous Anônimo said...

É cada dia mais difícil ter paciência com o panfletarismo moderno-brutalista do Wisnik Junior. Quando é sobre o Lucio Costa (uma distorção bisonha) ou Paulo Mendes (mais uma hagiografia em vida), você releva - afinal, não é o primeiro nem o último a "criticar" em causa própria.

Mas sobre arquitetura contemporânea, ou qualquer arquitetura que não seja a da turma dele, não dá pra suportar essa escrita obtusa - sobretudo contraditória - que está mais preocupada em atacar que criticar.

Daí é um fesitval de non-sense: atacar quem usa aço (a menos que seja o Paulinho, claro) quem utiliza referências para projetar (que claro, absurdo a parte, é compreensivo por parte de quem vive da terceirização dos mesmos dogmas) e claro, como não, quem trabalha para o mercado (ah, as uvas verdes ...)

Enfim, deve ser duro ser Mário Biselli e ser resenhado por Guilherme Wisnik. Mas o contrário, certamente, deve ser bem pior.

12:02 PM  
Blogger Alencastro said...

Concordo, Alberto. Mas cuidado: apesar de ser grande, você é minoria ai na Gal. Jardim...

12:15 PM  
Anonymous Anônimo said...

Nem grande eu sou. Mas sou honesto nas minhas críticas, isto é, não tenho nenhuma agenda escondida por trás delas. Não sou um arquiteto disfarçado de crítico, sou um arquiteto que critica enquanto arquiteto. E decididamente, não tenho medo de cara feia. Arco com as consequências, se houverem.

12:29 PM  
Anonymous Anônimo said...

eu admiro muito o trabalho do Biselli. é criativo, competente e atualizado no sentido que está aberto pra novos materiais, sistemas e tecnologias, coisa que falta na arquitetura e na engenharia tupiniquins como o próprio Wisnik aponta. Mas se ninguém se arriscar, vamos construir do mesmo jeito eternamente. Ele tem direito de ter ambições autorais. Quanto às referências, só vale se forem "pinçadas" do Artigas ou do Paulinho? Que que é isso?!?

1:48 PM  
Blogger Alencastro said...

Caro Charles: é isso mesmo. Por aqui, os arquitetos que ousam ser criativos, tem de tirar leite de pedra. Se é que você me entende...

3:40 PM  
Anonymous Anônimo said...

anônimo 1º (em rápida passagem)


agenciamentos, referências, "estilo", gestualidade...

além de palavras que transpiram uma mentalidade covarde, são palavras muito condescendentes. que, na verdade, denotam toda uma mentalidade, deplorável;
que forma e deforma os arquitetos a muito e cada vez mais.

esse Biselli é, sempre foi e talvez sempre será (a julgar pelo apoio dos confetes que recebe da "massa ignara" de nossos hermanos) um 'grafista' (H. Lefebvre, em “tradução” livre).

no mackenzie, ele sempre andava com uma Lamy preta em punho, 'grafando' as formas num papelote. exercitando a única coisa digna de "elogio" que tem como ‘meio-arquiteto’ (mas não para um arquiteto): uma grande capacidade de "reter" formas alheias e combiná-las/encaixá-las em situações oportunas.

quase todos fazem isto e de forma menos competente (ah, tem também a turma dos pauletes, competentíssimos em 'pauletar', encampados na fau usp). então, que o "premiem" mesmo.
merda por merda... que se reconheça as superlativas.

arquitetos não psico-gráficos não têm a atenção dos que são incapazes de pensar por seus próprios meios.

7:48 PM  
Blogger Alencastro said...

Estava com saudades, não anônimo 1°? Eu confesso que estava!

Mas, qualquer dia, em sua próxima passagem, manda notícias. Me mantenha informado, ora! Vê se me envia um projeto seu para eu postar aqui (ou manda para a AU ou a Projeto): quem sabe eu não faço um post e alguém comenta?

Agora, se a academia lhe consome muito, não tem problema: me envia seu livro mais recente...sua última teoria, seu artigo recém-publicado... ou, pelo menos, uma piada! Mas tem de ser de sua AUTORIA, heim? Não vale trapacear, danadinho!

1:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

anônimo, o 1°

caro alen-castro,

você já posta o que de minha autoria disponibilizo.
por hora: meus comentariozinhos.
fique de consciência tranqüila. você já presta este serviço à humanidade.

eu ainda estou em fase de formação. não ouso projetar nem escrever nada para uma divulgação mais 'consistente'.

avalie com seus botões a coerência, a plausibilidade e a validade do que eles possam conter.

mais, não posso e se pudesse, não quero fazer.
deixo que os mais espertos cometam tal ousadia.

***

sou o autor de meus comentariozinhos, serve?

(vê-se que és um empedernido autor de autoria)

8:41 PM  
Blogger Alencastro said...

Você salvou meu fim-de-semana: agora, me sinto mais útil.

1:05 PM  
Anonymous Anônimo said...

sem entrar no mérito da discussão sobre a arquitetura do biselli, eu teria um pé atrás ao considerar a crítica publicada aqui.

afinal, o crítico em questão é capaz de dizer coisas como esta:

"O Conjunto da Pampulha (1940-42), em Belo Horizonte, é a sua obra de maturidade, pois introduz uma importante mudança de linguagem na arquitetura, que aparece sobretudo no projeto da igreja de São Francisco."

desde quando alguém atinge a maturidade no início da sua carreira? e porque introduzir uma importante mudança de linguagem significa atingir a maioridade.

mal comparando com o futebol, nosso crítico é o conhecido "comentarista de resultados".

12:31 PM  
Anonymous Anônimo said...

o comentário mencionado acima foi escrito por g. wisnik na folha/sp em 2003. o link é http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u488.shtml

12:33 PM  
Blogger Alencastro said...

oi mafa. Não seja maldoso(a) com o Wisnik Jr. Acho que alguém pode ter o azar de atingir a maturidade no início da carreira. O problema é o que irá fazer o resto da vida.

2:08 PM  

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