Demolidores, a missão?
A dica foi do Koob, devidamente registrada nos comentários do post anterior. O negócio é o seguinte: por conta de uma dívida trabalhista, a justiça iniciou os processos para leiloar a sede do Jóquei Clube de Goiás, obra do Paulinho dos anos de 1960.
Quem conhece o prédio já sabe o enredo: espaço escuro e úmido que, se bem conservado, iria parecer as termas do Zumthor...aquele vapor! Hoje, depois de quase 40 anos, a ocupação é a pior possível: um clube de concreto que parece uma escola pública! 'Puxadinhos', 'corzinha' no concreto etc. O espaço parece uma tumba - muito melhor o estádio, esse sim: vale a visita.
Mas, confesso: estou sendo muito radical. Na verdade, com a pobreza arquitetônica de Goiânia - com aquele art déco caipira que não vale nada e eles insistem em preservar - o clube não é desprezível. Deveria ser preservado. Mas, e se for a leilão? A cidade já transformou a maior parte da famosa rodoviária do Paulinho em shopping popular. E o clube de luxo? Que destino terá? Ninguém vai defendê-lo? Vão para o chão ou não vai?
Marcadores: Jóquei Clube de Goiás, Mendes da Rocha
34 Comments:
Eu estou doido ou estamos mesmo falando disso???
http://www.hlagoinha.com.br/MyWebAlbum/photos/view_34.html
Tendo em vista a morosidade patente da justiça brasileira e a péssima qualidade dos serviços públicos, penso que esse prédio ficará uns bons anos onde está, sem reparos, restauro, conservação.
Antes demolir do que ficar abandonado.
Das obras que nunca visitei do PMR, essa é uma das que me passa a melhor impressão. Pelas fotos, parece bem iluminada e ventilada.
A reforma deve ter realmente detonado o predio, além do que acontece normalmente ao concreto pelado, nu com a mão no bolso depois de um tempo.
Se desse para recuperar a arquitetura E DAR UM USO para o prédio, seria uma boa - principalmente para Goiânia, no caso.
Depois que demoliram o Clube XV de Santos pra erquer aquilo lá...
Não se pode duvidar de mais nada!
Poderia passar o endereço para mim...Esse final de semana to de bobeira e minha marreta ta precisando ser usada...rs...
Brincadeiras a parte, não conheço o projeto, mas se não demolirem logo, algum IPHAN da vida irá transformá-la em patrimonio, ai sim viveremos com esse troço a vida toda...
Não, maisum!!! Credo: essa é a sede de campo...
Você é radical, heim Marco Antônio?
Impressão errada, Alberto. A obra é tão escura que as luzes ficam ligadas durante todo o dia... E não foram as reformas que estragaram o prédio: ele já nasceu assim.
Anônimo: desse jeito você não é mais anônimo...
Não seria mal, Ricardo. A pobreza goiânia é tamanha, que se o prédio fosse conservado seria um ganho para a cidade.
Como era de se esperar. Fui enganado por uma boa foto do Edson Mahfuz.
Alencas, existe alguma publicação aí no datalencs do Clube Alto dos Pinheiros? É do Fábio Penteado né?
Sim, Alberto, é do próprio. Tem algo no livro dele mas não me lembro de publicações em revista. Se achar, eu mando lhe as cordenadas.
Então vamos lá:
Alencastro vc deve ter conhecido Goiânia em Outubro de 2006 , no Congresso Brasileiro de Arquitetos.
Ou em alguma outra visita.
Mas não importa.
Tenho um imenso respeito pelo seu blog , e acredito , que seja um dos melhores blogs de arquitetura do Brasil , se não for o melhor.
Mas como goianiense , sou obrigado a discordar em partes com você.
Concordo que a rodoviária de Goiânia, se descaracterizou totalmente, depois de privatizada pela MB Engenharia , que construiu dentro da rodoviária um shopping center. Lamentável.
Mas isso ocorreu pq o espaço estava sub-utilizado. Um exagero para a época , inclusive , para hoje.
Realmente , a população goianiense é de origem humilde , por isso se orgulha tanto na arquitetura que tem , os edificios art deco foram construídos com os carros de bois , e com o suor de muita gente pioneira do interior do Brasil.
Talvez por isso , se orgulhem tanto de uma arquitetura , que para vc talvez seja insignificante.
A cidade tem a melhor qualidade de vida do país, ultrapassando Curitiba , em área verde por metro quadrado.
No recente livro lançado sobre o arquiteto David Libeskind, encontram-se algumas obras do arquiteo realizadas em Goiânia.
Além disso a biblioteca na praça universitária do Arq. Magalhães Júnior (Professor do Mackenzie). Estádio Serra Dourada , outras inumeras construções do Paulinho, na época , um bom arquiteto. Centro Cultural , Oscar Niemeyer , ainda não finalizado.
Dentro diversos outros arquitetos.
Quanto a obra do Paulinho , o Jóquei Clube de Goiás , o que aconteceu foi que a elite goianiense (criadores de gado , usineiros etc) parou de frequentar o clube , com o passar dos anos , devido ao descaso com o centro da cidade.
Passei minha infância neste clube , me diverti muito , e é uma pena ver isso acontecendo. Realmente ele é muito escuro.
Próxima visita sua a Goiânia , faço questão de lhe acompanhar Alencastro, para que melhore sua imagem desta cidade.
Koob, não caia nas minhas provocações... não tenho nada contra Goiânia - muito menos contra as goiainenses, no geral, muito bonitas...
Mas o caso é o seguinte. Apesar de eu não ser o admirador n° 1 do Paulinho, as obras dele na cidade são muito mais significativas do que aquele art decó que, como você mesmo escreveu, foram "construídos com os carros de bois". E, dentro da comunidade arquitetônica local - não estou me referindo a elite, criadores de gado e coisa e tal, mas sim aos acadêmicos, arquitetos etc - dá-se mais importância a isso, inexplicavelmente. Algo a ver com origens, identidade etc. Coisas que não entendo. Para mim o que vale é o significado de cada arquitetura. Só. O resto é balela. E o clube - sozinho -, como um legítimo representante do desenvolvimento da obra do paulinho, é mais importante do que todo o decó junto. Fazer o quê? É fato! Se colocarmos ainda no balaio o estádio e a finada rodoviária, pode destruir toda a cidade (com Niemeyer incluso)...
O caso da rodoviária é sintomático em relação a percepção local do que é boa arquitetura. Nada contra mudar o uso, ainda mais quando há sub utilização. Dou todo apoio. Mas o problema é a grosseria da intervenção: um projeto de 5ª categoria, com sancas de gesso e tudo, amparado pelo Estado. Um show de horror.
Quanto as outras obras que você citou, também as conheço: a casa do Libeskind - a Felix Louzada - é pouco significativa (a outra que aparece no livro, a Abdala Abrão, eu não conheço); e a biblioteca é qualquer nota.
Quanto ao fato de chamar o velho Nini para fazer um obra nova - sim, já acabada - não vou nem comentar. Aliás, vou sim: o que é que é aquilo? Aquela pirâmide vermelha com um espaçozinho ridículo embaixo? Ou aquela fachada de vidro da biblioteca para o poente? Ou então aquele esforço estrutural todo do museu escondido pela rampa? Ou a Oca que já conhecemos?
Mas, apesar de tudo, não me queira mal... adoro Goiânia!
Alencastro,
É sério. Pior que demolir é deixar degradar. E essa justiça não prima pela celeridade - às vezes nem prima pela justiça.
Mas tudo bem, afinal, somos todos humanos. E a Justiça tem que reconhecer isso e melhorar.
Quanto a obra, não conheço e não achei muita coisa dela ne web e nem nos meus alfarrábios.
Se for, de fato, uma construção ruim, alguma solução deve ser dada.
Só porque é do PMC não quer dizer que seja boa. Às vezes erramos e assim melhoramos.
Abraços.
Vergonha é o que fizeram com o ginásio do Paulistano..
Koob, Alencastro.
Nem art decocoricór, nem Paulinho.
E não estou falando de goiânia não, estou falando das metropoles brasileiras como um todo.
Refaz tudo. Sempre que possível.
São Paulo, graças aos iphans e condephaats da vida, vai virar um brechó urbano. Credo.
As excessões, raríssimas, confirma a regra. na duvida, TNT.
Qual Paulinho? O Paulinho da CUT?
Olha, muito melhor o art deco, com sua dignidade e história, do que os produtos made Bratke jr, Rewin, Candusso, Paulo Octavio, Julio Neves...Esses aí sim acabam com qualquer cidade.
"outras inumeras construções do Paulinho, na época , um bom arquiteto". Esse Koob é uma piada. Só pode ser gozação ou...
Que passa com o Ginásio do Paulistano? Essa obra do PMR eu gosto muito.
Bom, continuando a questão da demolição envio esse link:
http://weburbanist.com/abandoned-buildings-towns-and-cities/
São os '100+ Abandoned Buildings, Places and Property' pelo mundo.
Pô, Kook, só tem graça quando a pimenta é nos olhos dos outros?
Toda cidade (ou quase todas!) é assim mesmo! Raras pérolas em meio à mediocridade.
Suspeito até que se não fosse assim, nem haveria tanta discussão ou holofotes sobre algumas obras específicas que apreciamos.
Elas só são boas (ou parecem) porque se destacam em meio ao deserto.
Marco Antonio: se a obra for boa, melhor degradar do que demolir. Veja a Acropole, por exemplo...
Também acho, 1:05.
TNT neles, Alberto. Apoiado.
Ele mesmo, Fernando. Mas agora, diz que nunca foi do partidão...
OK, anonimo: voce não gosta de arquitetura progressista...
Ach que não é piada, anonimo.
pra mim me incomoda menos a qualidade do prédio do que a zona na cidade. O problema de são paulo é urbano. a obra dentro do lote pode ser até medíocre, mas se o lote estivesse bem implantado, seria menos mal.
Pode ser, Carlos.
pfff
já tentou luftal, alberto?
Se servir para alguma coisa, pode degradar. Fora isso, demoli.
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