Um grande negócio
A lei que proíbe a mídia externa na cidade de São Paulo, aprovada (com facilidade, não?) na terça-feira passada, está sendo comemorada por todos aqueles que lutam por uma cidade mais limpa - entre eles, grande parte dos arquitetos.
Na Folha de hoje, diversos arquitetos aprovam a iniciativa do prefeito: "Vamos sentir um alívio, porque há uma carga muito violenta hoje de poluição visual", disse José Eduardo Tibiriçá. "A aparência da cidade tem que ser dada pela própria arquitetura e não pela publicidade," colocou Nestor Goulart. A reportagem ouviu ainda Marcelo Ferraz e Carlos Lemos.
Ontem, na mesma Folha, Lucio Gomes Machado assinou um artigo (só disponível para assinantes do jornal ou do UOL) também louvando o fato.
"... de imediato, veremos valorizado um admirável patrimônio arquitetônico preservado a duras penas, muitas vezes em confronto com os mesmos interessados em desmerecer o público para valorizar o privado", relata o arquiteto, professor da FAU/USP, vice-presidente do IAB/SP e ex-curador da Bienal de Arquitetura de São Paulo.
Gomes Machado, não sei se intencionalmente ou não, coloca o dedo na ferida: "O Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento de São Paulo, tem defendido, ao longo de sua história, a necessidade de elevação dos padrões dos projetos e das obras públicas. Para o mobiliário urbano, defende a organização de concurso para a escolha dos projetos que deverão passar à propriedade do município"
E é ai que está o nó da questão: acabando com a mídia externa, abre-se (a inocência deve achar que por acaso) um grande mercado de exploração da publicidade no mobiliário urbano, a ser criado. Coisa de milhões de dólares. O prefeito disse ontem, no Estadão, que vai rever estes anúncios, mas está claro que haverá uma supervalorização destes espaços.
Não tenho bola de cristal, mas anotem: em breve, haverá concorrência para escolher as empresas - todas multinacionais - que irão lotear a cidade em duas ou três partes para explorar este mercado. De forma legal e milionária.
Certamente a cidade ficará melhor, isso não discuto. Mas a nova lei não revela interesses vultuosos, encobertos pela virtude de lutar por uma cidade mais limpa e civilizada.
Quanto ao concurso para escolher um novo projeto de mobiliário urbano? Esqueçam: as empresas já tem seus produtos, que estão em Nova York, Londres, Rio de Janeiro...
Na Folha de hoje, diversos arquitetos aprovam a iniciativa do prefeito: "Vamos sentir um alívio, porque há uma carga muito violenta hoje de poluição visual", disse José Eduardo Tibiriçá. "A aparência da cidade tem que ser dada pela própria arquitetura e não pela publicidade," colocou Nestor Goulart. A reportagem ouviu ainda Marcelo Ferraz e Carlos Lemos.
Ontem, na mesma Folha, Lucio Gomes Machado assinou um artigo (só disponível para assinantes do jornal ou do UOL) também louvando o fato.
"... de imediato, veremos valorizado um admirável patrimônio arquitetônico preservado a duras penas, muitas vezes em confronto com os mesmos interessados em desmerecer o público para valorizar o privado", relata o arquiteto, professor da FAU/USP, vice-presidente do IAB/SP e ex-curador da Bienal de Arquitetura de São Paulo.
Gomes Machado, não sei se intencionalmente ou não, coloca o dedo na ferida: "O Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento de São Paulo, tem defendido, ao longo de sua história, a necessidade de elevação dos padrões dos projetos e das obras públicas. Para o mobiliário urbano, defende a organização de concurso para a escolha dos projetos que deverão passar à propriedade do município"
E é ai que está o nó da questão: acabando com a mídia externa, abre-se (a inocência deve achar que por acaso) um grande mercado de exploração da publicidade no mobiliário urbano, a ser criado. Coisa de milhões de dólares. O prefeito disse ontem, no Estadão, que vai rever estes anúncios, mas está claro que haverá uma supervalorização destes espaços.
Não tenho bola de cristal, mas anotem: em breve, haverá concorrência para escolher as empresas - todas multinacionais - que irão lotear a cidade em duas ou três partes para explorar este mercado. De forma legal e milionária.
Certamente a cidade ficará melhor, isso não discuto. Mas a nova lei não revela interesses vultuosos, encobertos pela virtude de lutar por uma cidade mais limpa e civilizada.
Quanto ao concurso para escolher um novo projeto de mobiliário urbano? Esqueçam: as empresas já tem seus produtos, que estão em Nova York, Londres, Rio de Janeiro...
Marcadores: Cidade Limpa
5 Comments:
Provavelmente , teremos a cidade mais atulhada de mobiliário urbano do mundo .
E corremos o risco de , inovadores , uma revisão de conceitos deste mobiliário para acomodar a publicidade :
o aéreo , o aquático , etc
..o subterrâneo!!! É Mauro, acho o subterrêneo da questão que é o problema...
Essa turma não se entrega fácil e com a " criatividade " publicitária junto então , vai ser legal assistir .
aja subterrâneo! nessa terra de marlboro.
Hoje ouvi na CBN o Petit, da DPZ, dizer que o outdoor é a maior arte do mundo...
Postar um comentário
<< Home